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Bandeiras de Donetsk na celebração do dia da independência da República Srpska

As ligações entre a invasão da Ucrânia e a presença do poder russo nos Balcãs Ocidentais ficaram mais uma vez evidentes em mais uma celebração do dia da independência da República Srpska. O ministro sérvio dos Negócios Estrangeiros esteve em Sarajevo.
Bucha, Ucrânia
11 Janeiro 2023, 18h07

Bandeiras da autoproclamada República Popular de Donetsk – uma das zonas ucranianas que os russos conseguiram anexar (para já) ao seu território estiveram esta segunda-feira na celebração do feriado da independência da República Srpska, no leste da cidade de Sarajevo, liderada pelo Milorad Dodik.

A celebração, tornada inconstitucional pelos tribunais da Bósnia-Herzegovina, é tida como uma das maiores evidências de que a República Srpska está a fazer tudo para acabar com a federação de que faz parte e assim correr o risco de fazer regressar a sangrenta guerra que ali se deu no final do século passado.

Para além da presença das bandeiras – que quer dizer que há mais vasos comunicantes entre a invasão da Ucrânia e os Balcãs Ocidentais que aqueles que os analistas apontam – contou a inda com a presença (nomeadamente no desfile) da organização Night Wolves, um grupo de próximo do líder russo Vladimir Putin e semelhante ao grupo Wagner. Associações chetniks (de origem nazi) da Bósnia-Herzegovina também marcaram presença – entre eles os Ravnogorsk Chetnik.

“Estou especialmente orgulhoso deste dia, das pessoas que estão prontas para o defender. Não estamos a fazer isto por despeito, mas para mostrar que estamos prontos para lutar por nossa liberdade”, disse Dodik.

A delegação sérvia, também presente, foi chefiada por Ivica Dacic, ministro dos Negócios Estrangeiros do país.

A região celebra o dia 9 de janeiro, data em que em Sarajevo em 1992 a então Assembleia do Povo Sérvio da Bósnia-Herzegovina aprovou uma declaração de criação da república como entidade independente dentro Bósnia-Herzegovina. O objetivo era que aquela parte fosse anexada à Jugoslávia, que na altura era formada pela Sérvia, Montenegro e Kosovo.

A autoproclamada república foi liderada por Radovan Karazic, Biljana Plavsic e Momcilo Krajisnik, que foram condenados no Tribunal de Haia por crimes de guerra

O Alto Representante na Bósnia-Herzegovina, o alemão Christian Schmidt, alertou entretanto para que as atividades das autoridades da República Srpska  podem ter consequências. “A participação e presença de funcionários públicos em tais celebrações é um claro desrespeito à Constituição da Bósnia-Herzegovina, bem como um desrespeito aos poderes e decisões do Tribunal Constitucional da Bósnia-Herzegovina, que são finais e obrigatórias e devem ser respeitadas por todos”, disse no Twitter.

Apesar destas palavras, várias entidades bósnias criticaram a comunidade internacional, principalmente o Gabinete do Alto Representante, que supervisiona os acordos de Dayton, pela sua aparente indiferença face a mais esta comemoração – proibida desde 2015. De várias fontes chega notícia de que as autoridades estrangeiras devem pressionar as autoridades do república pró-separatista a respeitar a lei.

As queixas estendem-se à Sérvia, que continua a ser o maior apoiante externo – juntamente com a Rússia – das tentações separatistas da República Srpska. E se a questão entre a Sérvia e o Kosovo tem motivado uma série de procedimentos por parte da União Europeia – sendo que todos os países envolvidos querem entrar na União – o certo é que não se ouve o mesmo tipo de declarações relativas ao envolvimento dos sérvios naquela parte da Bósnia-Herzegovina.

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