A permanência no poder de um mau governo não garante estabilidade ao país, apenas acelera o nosso caminho para o último lugar da União Europeia. Comecemos por listar dois tipos de falhas, apenas no campo económico: i) face ao que o país precisa; ii) face ao que o PS prometeu.

O mais grave problema económico é o da estagnação das duas últimas décadas, que arrasta tudo o resto: salários sem progressos, contas públicas sempre em risco, emigração a agravar-se, etc. Ainda que o executivo tenha feito algumas promessas, praticamente não tomou nenhuma medida para o resolver. Por isso, não admira que não tenhamos conseguido ter um crescimento 0,5% acima da média da União Europeia, como o PS tinha prometido no seu programa eleitoral.

Depois de anos em que o investimento público foi – pessimamente – escolhido como o instrumento para cumprir as metas orçamentais, eis que chegámos a 2022, em que a inflação criou uma excepcional folga orçamental, o que nos levou a pensar que seria desta vez que o investimento previsto seria respeitado. Puro engano. Em Novembro, estava a crescer apenas 4%, inexplicavelmente menos do que os 43% programados.

Mais chocante, é o que se tem passado na saúde, um sector muito castigado pela pandemia, onde muitas actividades foram sacrificadas. Para 2022, o investimento na saúde deveria crescer 154%, mas está a cair (!), ainda que haja margem, quer no orçamento da saúde quer no orçamento global, para um forte aumento (mesmo que inferior ao programado). Não se compreende: há verbas, há necessidades gritantes e o dinheiro não é gasto. Porquê?

No PRR, a história repete-se. Já foram recebidos 3,3 mil milhões de euros de Bruxelas, há uma excepcional folga no orçamento, e ainda só foram pagos 2,7 mil milhões. O próprio governo tinha estabelecido a meta de executar 8,5% dos fundos no ano passado e pouco terá ido acima dos 7%.

Apenas no campo económico (mas que sugere que se estenderá a outros) há falhas inadmissíveis: há fundos, mas não são gastos. Parece haver uma incapacidade operacional indesculpável. Parece que temos demasiados políticos que só sabem falar e não sabem fazer, nem mesmo quando há dinheiro, caído do céu (seja a inflação, seja Bruxelas).

Por tudo isto, é urgente a oposição preparar-se. Em primeiro lugar, denunciando, de forma pormenorizada, as falhas do Executivo em relação às suas próprias metas. Em segundo lugar, anunciando as suas alternativas, que têm que dar a primazia ao crescimento económico e à produtividade, única forma de fazer subir os salários e melhorar as condições de vida dos portugueses (mais saúde, mais educação e um longuíssimo etc.).

Precisamos de reduzir os obstáculos ao investimento directo estrangeiro (IRC, licenciamento, etc.), sobretudo de países mais produtivos do que nós, como forma de melhorar a nossa produtividade. Também é muito importante eliminar as barreiras ao crescimento das empresas, já que é nas maiores que se pagam salários mais elevados.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.