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Metade das 14 capitais de risco escolhidas para o Programa Consolidar ainda não assinou contrato com BPF

Ao todo, 274,5 milhões dos 500 milhões de euros do programa de investimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), gerido pelo Banco Português de Fomento, já foram contratados.
A presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento, Ana Carvalho, fala durante a sua audição perante a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, na Assembleia da República, em Lisboa, 11 de janeiro de 2023. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
6 Fevereiro 2023, 16h14

O Banco Português de Fomento (BPF) publicou a lista das capitais de risco que já assinaram os contratos no âmbito do Programa Consolidar.  Ao todo são sete. São elas a Core Capital, a HCapital Partners, a Growth Partners Capital, a Crest Capital Partners, a ActiveCap – Capital Partners, Touro Capital Partners e 3XP Global.

Faltam ainda assinar contrato sete sociedades de capital de risco. Nomeadamente a Draycott; a ECS – Sociedade Gestora de Fundos de Capital de Risco; a Fortitude Capital; a Horizon Equity Partners; Inter-Risco; Oxy Capital e Portugal Capital Ventures.

No entanto, segundo apurou o Jornal Económico, o Banco de Fomento acaba de alterar a minuta dos contratos, pelo que os que já assinaram deverão ser chamados a voltar a assinar a minuta do contrato corrigido.

Recorde-se que no Âmbito do Programa Consolidar vão ser constituídos 14 novos fundos de capital de risco que vão investir em empresas para fomentar a sua consolidação, nestes o Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) pode investir até 70%.

Foi noticiado pelo “Eco” que os primeiros contratos foram assinados no início de janeiro, com a Core Capital (de Nuno Fernandes Thomaz e Martim Avillez Figueiredo) e a HCapital Partners. Estas duas capitais de risco gerem 77,5 milhões de euros do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) e aportam 33,95 milhões de euros de capital privado (21,43 milhões de euros no caso da Core Capital e 12,5 milhões no caso da HCapital Partners), no mínimo. O investimento total nas PME  destes fundos será de 71,43 milhões no caso da Core Capital e de 40 milhões no caso da HCapital Partners.

Com sete sociedades gestoras com contratos assinados estão assim alocados 274,5 milhões dos 500 milhões de euros do programa.

Recorde-se que o programa Consolidar é “um dos programas de investimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), gerido pelo BPF e criado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional, para apoiar a subscrição de fundos de capital de risco destinados a investimento em capitalização de PME e Mid Caps, impactadas pela pandemia, mas economicamente viáveis e com potencial de recuperação”.

Onde vão investir as 14 sociedades de capital de risco?
Destas 14, as que receberam maior dotação do BPF foram a Core Capital, de Martim Avillez Figueiredo e Nuno Fernandes Thomaz; a Crest Capital, de Marco Lebre (ex-Explorer); a Draycott, de João Coelho Borges (ex-Magnum); e a Growth Partners. Cada uma destas sociedades tem um investimento aprovado pelo BPF de 50 milhões de euros e todas se propõem aportar um investimento privado mínimo de 21,43 milhões. Portanto, cada um destes três fundos terá no mínimo 71,43 milhões para investir em PME portuguesas.

Várias sociedades não identificam setores específicos onde tencionam aplicar o dinheiro do fundo que constituírem, e assumem-se como “generalistas”, mas quase metade estreita as hipóteses de investimento ao balizar setores e estratégias.

A ActiveCap, de João Ferreira Marques, irá lançar o ActiveCap II – Portuguese Growth Fund, um Fundo de Growth/Later Stage, que terá 67,14 milhões para investir em empresas portuguesas de elevado potencial de crescimento, que se encontram em stress financeiro no pós-pandemia. O fundo propõe-se investir entre 5 e 8 milhões por empresa.

A CoRe Capital irá lançar o Fundo Core Consolida, e apesar de não identificarem sectores, o histórico da sociedade sugere que apostem na indústria.

A Crest irá lançar o Crest Agro Fund I, que tem por objetivo o investimento no setor de agrobusiness, sobretudo em Portugal.

A Draycott irá lançar o Draycott – Consolidar PT, cuja estratégia de investimento será focada, exclusivamente, em operações de buyout/growth, com especial enfoque em empresas familiares, exportadoras e em indústrias fragmentadas. O setor da saúde está na mira deste fundo.

A ECS irá lançar o Fundo Capitalização e Crescimento de 42,86 milhões, focado no reforço da sustentabilidade das empresas portuguesas viáveis afetadas pela Covid-19.

A Fortitude Capital, de António Esteves, irá lançar o Fundo Fortitude – um Fundo PE Special Situations focado exclusivamente em Portugal. Esta foi a última sociedade a entrar na lista e é a única em que o investimento público aprovado é inferior ao privado (10,2 e 29,8 milhões, respectivamente).

Por sua vez, a Growth Partners que tem gestores espanhóis, irá gerir um Fundo de Capital de Risco focado no investimento em PME e MidCaps, que tenham no mínimo 60% de capital português e aposta nos sectores industrial, agrobusiness, saúde, turismo, serviços, energias renováveis e transportes e logística.

Já a HCapital irá gerir um Fundo de Capital de Risco de 40 milhões focado no investimento em PME em fase inicial de crescimento e aposta em empresas de setores industriais, de transportes e logística e de serviços, cujas atividades potenciem a transição energética e a inovação de modelos de negócio.

A Horizon Equity Partners, de Sérgio Monteiro, irá lançar o Horizon Growth Fund I, um fundo de 40 milhões focado em investimentos em PME e MidCaps no âmbito de operações de buyout/growth, mas não avança setores.

A sociedade Inter-Risco (atualmente do BPI) irá lançar o Fundo Inter-Risco Consolidar de 64 milhões para alavancar planos de expansão e crescimento de empresas viáveis afetadas pela Covid-19. O fundo pretende incidir em empresas com potencial de consolidação, problemas de qualidade da gestão ou questão ao nível de sucessão, mas não avança setores.

Depois a Oxy Capital, de Miguel Lucas, irá gerir um Fundo de Capital de Risco de 42,86 milhões focado no investimento em PME e Mid Caps e foca-se em empresas industriais e do setor do turismo.

O Fundo a constituir pela Portugal Ventures (de 46,43 milhões) terá como objetivo o investimento em projetos de crescimento e expansão de PME e MidCaps com forte cariz de inovação tecnológica, mas não avança setores.

A Touro Capital irá gerir um Fundo de Capital de Risco de 40 milhões (50% vem da dotação do BPF) focado em PME com negócios maduros, capacidade exportadora, situação financeira saudável e privilegia o setor industrial (incluindo agroindustrial e logística).

Por fim, a 3XP Global irá lançar um fundo de investimento de 42,86 milhões com especialização em Ciências da Vida (saúde), focado em oportunidades de investimento later stage, focado na robustez da estrutura de capital das empresas e no apoio a I&D, expansão e globalização.

A duração do instrumento é até ao fim de 2030. Isto significa que os fundos de capital de risco têm de sair até 2030, “exceto em condições particulares que o justifiquem na altura”, já explicou Tiago Simões de Almeida, administrador do BPF.

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