A Babyblue apresentou um pedido de insolvência e deixou centenas de pais sem produtos, como carrinhos de bebés, a poucas semanas dos seus nascimentos.
A empresa – que vendia principalmente carrinhos de bebés – tinha uma loja online e quatro lojas físicas em Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, que estão todas fechadas há uma semana.
Conforme apurou o JE, a empresa não tinha em stock muitos dos produtos que vendia. Quando os clientes queriam fazer uma encomenda, tinham de deixar um sinal de 50% do valor total. O restante seria pago quando os produtos chegassem à loja. Entre as encomendas feitas, sinais pagos e o fecho das lojas, muitos pais ficaram sem os seus produtos. Muitos estão à espera dos seus bebés nascerem nas próximas semanas, enquanto outros têm bebés um pouco mais crescidos e que precisam do carro de passeio ou da cadeira de refeição.
O pedido de insolvência da Babyblue – Comércio de Artigos Para Bebé e Criança, Unipessoal Lda deu entrada a 19 de fevereiro no juízo de comércio de Vila Franca de Xira. A ação tem um valor de 300 mil euros. Como credores, tem o Bankinter, a Caixa Económica Montepio Geral, a Caixa Geral de Depósitos, a Lisgarante – Sociedade de Garantia Mútua, Dorel Portugal e o BCP.
Nas redes sociais, os pais já se organizaram e criaram o grupo Lesados Lojas Baby Blue que conta com 180 membros no Facebook. Segundo a informação disponível nesta página, os contatos telefónicos da empresa estão todos indisponíveis, e as redes sociais e o site estão em baixo, à exceção do TikTok.
A Babyblue foi criada em 2011 e conta com um capital social de cinco mil euros, com sede em Santo António dos Cavaleiros.
Uma das lesadas é Inês Sardo, que tem um bebé de um ano e meio. No dia 4 de fevereiro, deslocou-se à loja de Coimbra e encomendou um carro de passeio e uma cadeira para o carro. O prazo de entrega ficou estipulado no espaço de uma semana. A empresa exigiu-lhe logo o pagamento completo da encomenda: 390 euros.
“Fiquei à espera de contacto e não voltei à loja. No início desta semana tentei ligar e os contatos já estavam todos desligados”, explica ao JE. “Já fiz queixa no livro de reclamações online e no Portal da Queixa. Já fui à polícia, mas eles não sabem bem como” enquadrar este tipo de queixa. A lesada saiu da esquadra com uma recomendação: “entrar em contacto com um advogado por ser uma queixa civil”.
“Em 2021, comprei tudo para o meu filho lá e o funcionamento estava bom. Por isso voltei lá. A verdade é que não contava com nada disto”, acrescenta.
Sobre o facto de continuar a precisar destes produtos, diz que tem “urgência” para comprá-los mas que não tem o “dinheiro de momento”.
Outra lesada é Ana Ferraz, grávida de 32 semanas. A 2 de janeiro deslocou-se à loja de Coimbra para comprar um carrinho de bebé, mais alcofa e uma cadeira para o automóvel. No ato da encomenda, disseram que podia pagar 50% ou a totalidade e preferiu pagar logo integralmente: 615 euros.
“Quando fiz a compra falaram em atraso dos fornecedores de três/quatro semanas”. No entanto, só contactaram a cliente a 11 de fevereiro para dizer que ainda não tinham chegado todos os produtos, faltando ainda o ovo. Entretanto as lojas fecharam e as encomendas não chegaram. Agora, “infelizmente” vai ter de voltar a gastar mais dinheiro para comprar um conjunto a poucas semanas do nascimento da criança: “mas se calhar terei que optar por um mais barato por questões financeiras”.
Ana Ferraz disse que está a tentar junto do banco “recuperar a transação”. Deslocou-se a uma esquadra da polícia e disseram-lhe que como tinha sido “recentemente”, “não valia a pena” apresentar queixa, porque ainda só tinha sido feito o pedido de insolvência.
O JE falou com outra lesada: Catarina Freitas, com um bebé de cinco meses. A encomenda de uma cadeira de refeição foi feita na loja da Braga a 10 de fevereiro. Pagou 50% da encomenda, 60 euros, e uns dias depois ligaram-lhe a dizer que a encomenda já tinha chegado. “Mas quando me dirigi à loja, já se encontrava fechada e com um aviso”. Sem a encomenda, vai ter de gastar mais dinheiro para comprar uma cadeira de refeição: “porque o meu bebé entretanto começa a comer”.
Outro dos lesados é Pedro Castro que comprou carrinho e cadeira do carro em meados de janeiro na loja de Lisboa, tendo pagado mais de 700 euros. “Paguei a totalidade da encomenda e foi-nos indicado uma opção de envio para nossa casa. Como passado um mês não disseram nada, íamos à loja, mas entretanto vimos as queixas de clientes no Facebook”.
Sobre queixas ou reclamações, este lesado disse que está agora à espera do processo de insolvência e que só depois vai avançar com advogados.
Agora, já está a pensar em voltar a gastar centenas de euros para comprar um novo conjunto “Se não tiver uma soluções em breve terei de pensar noutras possibilidades”. O seu bebé nasce daqui a três semanas.
O Jornal Económico já pediu uma reação à sociedade de advogados que representa a Babyblue.
Aviso na loja de Lisboa no Parque das Nações
Avisos de tentativas de entregas na loja de Lisboa no Parque das Nações. Um deles datado de 20 de fevereiro.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com