Após ter passado dois anos a cultivar uma narrativa triunfal quanto à estratégia ‘zero covid’, apesar dos custos económicos e sociais inerentes, a liderança chinesa parece estar encurralada face aos novos protestos da população.
A sucessão de tragédias e casos de abuso da autoridade, no âmbito da estratégia ‘zero covid’, parecem ter despertado a população chinesa para os perigos de um sistema político sem limites de poder e mecanismos institucionais de responsabilização.
A Human Rights Watch defendeu hoje que o Governo chinês deve respeitar os direitos de todos aqueles que protestam pacificamente contra as restrições no combate à pandemia de covid-19.
Os testes à infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 deixaram de ser recomendados a pessoas sem sintomas de infeção e doentes internados com covid-19 passam a poder receber visitas, avançou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Não queremos mais bloqueios, queremos ser livres”, gritaram os manifestantes, condenando ainda a realização quase diária de testes PCR em massa, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 imposta pelo Governo chinês.
Conta a agência Reuters que os protestos na China estão a intensificar-se e que nunca se viu nada assim desde que Xi Jinping assumiu o poder (há uma década), numa altura em que Pequim enfrenta o pior surto desde o início da pandemia com o encerramento de escolas e muitos trabalhadores em teletrabalho.