[weglot_switcher]

17 mil profissionais morreram por Covid-19. Amnistia Internacional pede celeridade e cumprimento da prioridade na vacinação

Uma vez que muitos dos países considerados mais pobres devem receber os primeiros lotes de vacinas nas próximas semanas, as três organizações pedem aos governos que incluam todos os profissionais de saúde da linha de frente nos seus planos de distribuição para salvar vidas e proporcionar condições de trabalho seguras. 
  • Mário Cruz/Lusa
5 Março 2021, 10h17

Desde o início da pandemia, pelo menos 17 mil  profissionais de saúde morreram com Covid-19. O número é avançado pela Amnistia Internacional, Public Services International e UNI Global Union, esta sexta-feira, numa altura em que o processo de vacinação a nível global decorre e as três organização apelam para que este seja mais rápido e menos desigual.  Até agora, mais de metade das doses foram administradas em apenas dez países considerados ricos, representando menos de 10%  da população mundial. “Mais de 100 países ainda não vacinaram uma única pessoa.”, lê-se no comunicado.

Uma vez que muitos dos países considerados mais pobres devem receber os primeiros lotes de vacinas nas próximas semanas, as três organizações pedem aos governos que incluam todos os profissionais de saúde da linha de frente nos seus planos de distribuição para salvar vidas e proporcionar condições de trabalho seguras. Entre estes estão trabalhadores de limpeza, agentes comunitários e assistentes sociais, que têm sido frequentemente negligenciados durante a pandemia.

“É uma tragédia e uma injustiça que, a cada 30 minutos, um profissional de saúde morra com Covid-19. Trabalhadores em todo o mundo colocaram as suas vidas em risco para tentar manter as pessoas protegidas contra a COVID-19, mas muitos foram deixados desprotegidos e pagaram o preço mais elevado”, denuncia Steve Cockburn, especialista em Justiça Económica e Social da Amnistia Internacional.

As três ONGs analisaram dados divulgados por governos, sindicatos, imprensa e organizações da sociedade civil em mais de 80 países, mas alertam que os números são, provavelmente, superiores, já que nem todos os Estados reuniram informação oficial ou só o fizeram de forma parcial.

Embora em Portugal e na Europa os profissionais de saúde na linha da frente do combate tenham sido considerados como prioritários na vacinação, em alguns países onde já foram iniciados os planos de vacinação, existe destes serem deixados à espera, seja por falta de abastecimento, problemas na implementação ou definições restritas do que se considera ser um trabalhador do setor.

Sindicatos e entidades empregadoras, em alguns países, defendem também que os cuidadores que se deslocam aos domicílio  fossem formalmente definidos como trabalhadores do setor para que pudessem ser incluídos nos grupos prioritários.

No Brasil e no Peru, onde a vacinação dos profissionais de saúde começou em janeiro e fevereiro, respetivamente, organizações de trabalhadores relataram que alguns funcionários de limpeza de hospitais e equipas de saúde não estão a receber vacinas, apesar de estarem expostos ao vírus. Por outro lado, em alguns locais, o pessoal administrativo e de gestão foi vacinado antes de quem está na linha de frente.

Na África do Sul, onde mais de 492 profissionais de saúde morreram, em 2020, o governo começou a vacinar alguns trabalhadores do setor como parte de um teste da vacina da Johnson and Johnson. Nos próximos meses, o país vai receber mais doses, embora os planos iniciais tenham sido prejudicados pela suspensão do uso da vacina da Oxford/AstraZeneca.

É imperativo que os governos deem prioridade a todos os profissionais de saúde da linha da frente nos planos de vacinação. No apoio à People’s Vaccine, a Amnistia Internacional, a Public Services International e a UNI Global Union também pedem aos governos para que tomem medidas urgentes para aumentar o fornecimento global de vacinas, investindo na capacidade de produção e garantindo que os produtores partilhem as suas tecnologias e conhecimentos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.