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1,9 mil milhões de pessoas em todo o mundo estão em risco de escassez de água

Segundo o primeiro estudo que analisa todas as fontes de água de alta altitude, sabe-se que as bacias asiáticas são as mais vulneráveis à procura humana e ao aquecimento global, mas o documento demonstra que estas pressões também estão a afetar outros continentes.
10 Dezembro 2019, 11h20

Cerca de um quarto da população mundial está em risco de ficar com problemas no abastecimento de água, uma vez que os glaciares montanhosos, os blocos de neve e os lagos alpinos estão a ser alvos das altas temperaturas e a crescente procura humana por este meio de subsistência.

A noticia avançada, esta terça-feira, pelo jornal The Guardian e que cita um estudo conduzido por 32 cientistas e publicado na revista Nature, informa que o rio Indo é a “torre de água” mais importante e vulnerável atualmente devido ao escoamento das cadeias montanhosas de Karakoram, Hindu Kush, Ladakh e Himalaia, que fluem rio abaixo para uma região altamente povoada e uma bacia irrigada no Paquistão, Índia, China e Afeganistão.

Neste primeiro inventário que analisa todas as fontes de água de alta altitude concluiu-se que essa vasta “torre de água” paquistanesa – um termo usado para descrever o papel do armazenamento e fornecimento de água que as cadeias de montanhas desempenham para sustentar as procuras ambientais e humanas da água – será incapaz de responder à crescente procura a meados do século, um período de maiores dificuldades. Segundo o estudo, esta será uma altura em que as as temperaturas estão projetadas para subir 1,9 graus Celsius, a precipitação deverá aumentar menos de 2% e prevê-se que a população cresça 50%.

O estudo alerta que 1,9 mil milhões de pessoas e metade dos hotspots de biodiversidade do mundo poderão ser afetados negativamente pelo declínio das torres de água naturais, que armazenam água no inverno e libertam-nas lentamente durante o verão.

Segundo os autores, essa capacidade de amortecimento está a enfraquecer à medida que as bacias perdem massa e o processo de derretimento da neve é ​​interrompido por temperaturas que estão a subir mais rapidamente do que a média global.

“As alterações climáticas ameaçam todo o ecossistema das montanhas”, lê-se no relatório. “É necessária uma ação imediata para proteger o futuro das torres de água mais importantes e vulneráveis ​​do mundo”.

Além dos esforços locais de conservação, os autores afirmam que a ação internacional para reduzir as emissões de carbono é a melhor maneira de proteger as torres de água.

Citando pesquisas recentes do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, Davies afirmou que 75% da neve e gelo em grandes altitudes poderiam ser retidos se o aquecimento global pudesse ser mantido a 1,5 graus Celsius. No entanto, cerca de 80% estariam em risco de ser perdidos caso os compromissos mundiais não sejam respeitados.

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