A conversa começou assim: “o que achas se eu investir 20 euros naquilo da bitcoin?”.

20 euros? A minha primeira reação foi pensar que o meu amigo estava a brincar. Mas não estava. Na verdade, ele apenas queria ser prudente: tem a plena noção de que não percebe do assunto e veio aconselhar-se. É um bom princípio.

São muitos os que à sua volta lhe falam na bitcoin, de como estão a ganhar muito dinheiro (será?) e de que será o “futuro”. E imagino como essas conversas vão proliferando, sempre alinhando pelo mesmo diapasão – ganhar dinheiro rapidamente em coisas que, quanto mais desconhecidas forem, melhor.

Mais do que a “febre” das criptomoedas, de como o montante não faz sentido ou o famoso FOMO (o medo de perder uma oportunidade), o que me deixou realmente a pensar foi a palavra “investir”. Ele queria investir. O meu amigo é uma pessoa bem formada, culta, informada e tem bastante “mundo”. Mas também sofre de um problema que é comum à maioria dos portugueses – o seu nível de literacia financeira.

Ele compreende e domina vários conceitos importantes ligados às finanças pessoais, produtos financeiros, gestão de orçamento familiar e outros temas relacionados. É na vertente do investimento que está o seu calcanhar de Aquiles, tal como acontece com a maior parte dos portugueses.

Como definir os montantes, para onde direcionar o investimento, quais as alternativas e os objetivos de longo prazo, qual o grau de risco, horizonte temporal e compatibilidade com o seu contexto e personalidade. Muitas vezes, são pessoas com conhecimentos, suscetíveis de criar uma falsa sensação de segurança que pode ser explosiva se houver alguma ganância à mistura. Há muitos predadores por aí e não apenas atrás de 20 euros. Cuidado!