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27.500 créditos à habitação em Portugal vão beneficiar dos juros negativos

Há quatro bancos que operam no país que já anunciaram quantos contratos de empréstimos vão ver os juros negativos abatidos nas dívidas por amortizar. Mais de 65% dos contratos em questão estão na Caixa Geral de Depósitos.
1 Agosto 2018, 16h08

Há pelo menos 27.500 contratos de crédito à habitação em Portugal que vão beneficiar da nova lei dos juros negativos, segundo dados já divulgados por quatro bancos. É na Caixa Geral de Depósitos (CGD) que se localizam mais de 65% dos empréstimos, enquanto o BCP, o BPI e o Santander têm o conjunto dos restantes.

 A CGD tem 18.000 créditos à habitação em que terá de deduzir os juros negativos, o que implicará um custo de cerca de 100 mil euros por mês, anunciou o presidente executivo do banco público, Paulo Macedo, na conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais.

“São 18.000 créditos e com impacto na sua prestação mensal de cerca seis euros em média”, afirmou, especificando que o valor mais baixo a ressarcir por titular são cinco cêntimos e que há outros mais altos, mas a média são os seis euros. “Um terço destes clientes, são clientes Caixa Mais e Caixa Platina”, disse.

A nova lei, que entrou em vigor a 19 de julho, obriga os bancos a refletirem nos contratos de empréstimo para comprar casa os valores negativos da Euribor.

Os titulares de créditos à habitação pagam mensalmente a amortização de capital e os juros, que resulta da soma do spread à Euribor. Na prática, quando a Euribor desceu, os juros diminuíram e beneficiaram as famílias. No entanto, os bancos precaveram-se para limitarem as próprias perdas e, quando a soma do spread à Euribor negativa resultasse num valor negativo, era assumida uma taxa de 0% e não inferior.

Os bancos podem optar por fazê-lo de uma de duas formas. A lei deixa ao critério dos bancos decidirem se querem aplicar a lei através da criação de uma espécie de banco de juros, ou seja, o valor é contabilizado agora, acumulado e, quando os juros subirem, desconta na penalização que a família iria sentir. Por outro lado, o valor pode ser abatido no capital, ou seja, na parte do empréstimo que ainda está em dívida.

Até agora, a opção dos quatro bancos que já anunciaram quantos empréstimos vão beneficiar foi de abater o montante na dívida em falta.

Além da CGD, o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse na apresentação de resultados do banco que optaram por “deduzir os juros negativos ao capital em dívida” a 5.200 clientes cujos contratos de crédito à habitação entram nesta categoria. No caso do BPI são 3.000 contratos de crédito à habitação e no Santander 1.300.

Os três bancos com menor número de empréstimos que vão ser afetados pela lei concordaram ainda que, como o valor é residual, não terá impacto nas contas. “É uma cifra pequena, é pouco significativo”, disse Pablo Forero, presidente do BPI. “Do ponto de vista monetário não é nada que altere as previsões que temos para o final do ano”, acrescentou Maya, do BCP.

http://www.jornaleconomico.pt/noticias/banca-ja-deduz-juros-negativos-nos-creditos-da-casa-e-clientes-notam-na-revisao-da-prestacao-340061

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