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40% dos portugueses têm dificuldade em perceber a fatura da luz

Portugal definiu metas ambiciosas para a eficiência energética, o que vai obrigar a um esforço conjunto de todos os atores da sociedade.
  • Cristina Bernardo
13 Abril 2019, 17h00

A sustentabilidade, o consumo de energia ‘verde’ e os interesses económicos encontram-se no caminho para a eficiência energética, o que exige um esforço conjunto e participativo de todos os atores da sociedade.

“A eficiência energética ocorre quando se pretende utilizar energia e se ambiciona reduzir a energia necessária para a obtenção do mesmo resultado”, explicou Rui Neves, COO da Finerge. “Acrescido a isto, se pudermos substituir a energia fóssil para a energia renovável, teremos um retorno superior, com o objetivo de reduzir as emissões CO2”, reconheceu o gestor.

No que diz respeito à eficiência energética, Portugal traçou metas ambiciosas no Plano Nacional de Energia e Clima 2030, com o objetivo de alcançar 35% de eficiência energética, 2,5 pontos base acima do patamar definido pela União Europeia.

Para alcançar estes objetivos, o setor empresarial e os consumidores terão de continuar a adotar comportamentos adequados em conjunto.

Segundo Ana Quelhas, diretora de planeamento energético da EDP, “desde 2005 que o consumo de energia primária tem vindo a diminuir. Com efeito, o consumo em 2017 já foi 17% inferior ao de 2005, estando perto do nível de consumo estabelecido como objetivo para 2020”.

Neste sentido, Rui Neves revelou que “as empresas já trabalham há muitos anos a eficiência energética”. “As empresas não só olham para o benefício económico diretamente relacionado com essa eficiência, como para um possível aumento da produção”, disse.

A adequação de comportamentos para promover a eficiência energética no seio das empresas também já é uma realidade. Aqui, a EDP tem o objetivo de “eletrificar 100% da frota de veículos ligeiros até 2030, com uma estimativa de redução das emissões de CO2 em 70%”, disse Ana Quelhas.

Por seu turno, as famílias também já começaram a adotar comportamentos mais sustentáveis do ponto de vista do consumo de energia, embora com menor intensidade que as empresas.

Segundo um estudo elaborado pela DECO, que antecedeu o lançamento em 2018 da campanha informativa ‘fatura amiga’, “só 13% dos consumidores fazem um acompanhamento sistemático” das faturas, revelou Fernanda Santos, coordenadora do departamento de formação e educação da DECO, e responsável pela campanha ‘fatura amiga’.

Para a DECO, a importância desta campanha informativa reside no facto de explicar aos consumidores como fazer uma leitura acertada da fatura da eletricidade, onde constam os hábitos de consumo de energia das famílias. “40% têm dificuldade em compreender a fatura”, revelou Fernanda Santos.

“O esforço individual de cada um pode ser determinante para o resultado global”, frisou a coordenadora da DECO. Por isso, para promover a alteração dos hábitos de consumo de energia, a compreensão da fatura de eletricidade é crucial, explicou Fernanda Santos. “No nosso site, fatura-amiga.pt, os consumidores podem inscrever-se e registar os seus consumos ao longo do tempo”, explicou. E assim saberão onde cortar e poupar no futuro, um objetivo que a Finerge disse ser importante “para a consciencialização de todos os agentes, tendo por base as alterações climáticas”, referiu Rui Neves.

As empresas também têm trabalhado para colocar soluções no mercado destinadas a desenvolver a eficiência energética.

A EDP “tem vindo a diversificar a sua oferta de produtos e serviços, com soluções na área da iluminação eficiente, energia solar, aquecimento de água, mobilidade elétrica e certificação energética”, explicou Ana Quelhas.

Para o futuro da sustentabilidade e para a concretização dos objetivos no âmbito da eficiência energética, será necessário “o desenvolvimento de um conjunto de políticas que permitam aos consumidores realizar os investimentos necessários e gerir de forma eficiente os seus consumos”, frisou a diretora da EDP. Neste campo, “a promoção da eletrificação apresenta-se como a melhor estratégia para aumentar a eficiência energética”, frisou. Outros esforços passam pela reabilitação urbana ou reduzir os desperdícios de energia.

“É uma tendência mundial”, disse Rui Neves.

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