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“Preocupação central tem de ser o utilizador e não os equipamentos”, diz Governo sobre TikTok

Esta semana os Estados Unidos deram mais um passo numa eventual proibição à rede social chinesa. Gabinete do secretário de Estado da Digitalização diz que as pessoas devem estar sensibilizadas para “aplicações que proporcionam uma experiência de utilização cada vez mais dependente do acesso, não só a dados, mas também a funcionalidades dos próprios dispositivos”, por vezes, sem que se deem conta disso.
10 Março 2023, 14h00

Portugal distancia-se do combate acérrimo que se tem visto ao TikTok, mas o Governo deixa um alerta para a importância de sensibilizar os internautas para os perigos das aplicações móveis que recolhem dados pessoais sem as pessoas se aperceberem disso.

“O Governo considera que a promoção de um uso seguro das ferramentas digitais em contexto profissional e em funções públicas, seja na Administração Pública, seja nas empresas, deve ser feito através da sensibilização dos utilizadores para os riscos que decorrem do uso de aplicações que proporcionam uma experiência de utilização cada vez mais dependente do acesso, não só a dados, mas também a funcionalidades dos próprios dispositivos, em muitos casos sem que o próprio utilizador disso se dê conta”, explicou a secretaria de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa ao Jornal Económico (JE).

Para o gabinete de Mário Campolargo, o foco não deve estar nos equipamentos em si, mas nas pessoas. “Qualquer iniciativa que pretenda promover a segurança das comunicações em contexto profissional só pode ser plenamente eficaz se tiver como preocupação central o utilizador e os comportamentos de utilização, e não aos equipamentos, de serviço ou particulares”, reforça ao JE, reiterando a ideia que tem vindo a ser partilhada pelo Executivo sobre este tema.

Nos Estados Unidos, cujas agências federais têm até ao final do mês para eliminarem o TikTok, os democratas e republicanos do Senado deram mais um passo na frente de guerra à aplicação e na terça-feira apresentaram projeto-lei para dar ao governo norte-americano mais poder para regular ou até proibir apps chinesas que possam representar ameaças à segurança do país. Ou seja, o TikTok é claramente um alvo e esse ataque reúne algum consenso bipartidário.

Chama-se Restrict Act — acrónimo para Restricting the Emergence of Security Threats that Risk Information and Communications Technology — e mereceu aplausos da Casa Branca. Já o senador Mitt Romney até comparou a rede social ao balão espião chinês que sobrevoou os Estados Unidos no mês passado: “São milhões de balões chineses nos nossos telemóveis”.

Os analistas da Needham preveem que a Meta Platforms, dona do Facebook e Instagram, o Snapchat e a Alphabet, proprietária da Google, podem ganhar com uma eventual ban ao TikTok, porque adolescentes e adultos passariam a utilizar mais os Reels, os Shorts (YouTube) e os Spotlights.

Segundo os traders da XTB, os legisladores da maior economia do mundo ainda tê um longo caminho a percorrer para proibir o TikTok. “Será a primeira ‘vítima’ da guerra fria EUA-China? A reconsideração da proibição do TikTok, detido pelo grupo chinês ByteDance, surge à medida que as tensões entre Washington e Pequim voltam a aumentar, impulsionadas pelo incidente do balão, a renovação da visita dos americanos a Taiwan e as notícias de que os EUA aprovaram a venda de 619 milhões de dólares em munições para os F16 de Taiwan”, explicam, numa nota de mercado.

O Canadá também puxou o tapete ao TikTok. Deste lado do Atlântico, a Comissão Europeia decidiu, no mês passado, suspender a utilização da rede social nos telemóveis, computadores e tablets profissionais dos seus trabalhadores – os que foram emprestados pela instituição ou os pessoais que estão registados nos serviços da Comissão – numa tentativa de proteger a instituição de ameaças à segurança informática.

Apesar de a suspensão abranger apenas a aplicação dos vídeos curtos, Bruxelas esclareceu que os desenvolvimentos ao nível da segurança de outras plataformas de redes sociais também serão mantidos “sob revisão constante”, para que não haja vulnerabilidades “exploradas para efeitos de ciberataques contra o ambiente corporativo da Comissão”.

“Esta medida está em consonância com as rigorosas políticas internas da Comissão em matéria de cibersegurança no que respeita à utilização de dispositivos móveis para efetuar comunicações relacionadas com o trabalho”, defendeu o executivo comunitário. Logo depois, foi a vez de o parlamento da Dinamarca impedir os deputados de utilizarem a aplicação no trabalho.

A verdade é que o TikTok garante que, de forma indireta, gera um impacto positivo nos negócios e nas pessoas, uma vez que concluiu que quatro em cada cinco utilizadores diz que a app é “extremamente divertida” e que quase todos (92%) sentiram emoção positiva ao visualizarem conteúdos na rede social. Dificilmente haverá tiktokers a contrariar a estatística, mas a dúvida mantém-se: boa disposição a que custo?

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