Vivemos num mundo onde as alterações climáticas afetam diversos aspetos das nossas vidas. Todos os dias assistimos a notícias que nos chocam e advertem para a necessidade de mudarmos os nossos comportamentos. Para Alvin Toffler é o choque do futuro que nos leva acelerar a mudança.
Aprendemos muito desde 1992, na “Cimeira da Terra” que criou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, mas o avanço das mudanças urgentes na política ambiental ainda está longe de ser suficiente.
O sexto relatório Alterações Climáticas do IPPC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas mostra-nos, através de um atlas interativo, vários cenários climáticos futuros, o muito que ainda há a fazer. Graças aos avanços na ciência, cada vez mais é possível ter uma visão, panorâmica e clara, de como funciona o sistema climático e de como as nossas atividades quotidianas o afetam.
Trata-se de uma ferramenta essencial para ajudar os decisores políticos na definição de caminhos de sensibilização dos seus cidadãos na construção da mudança de paradigma económico e social. Os governos locais, câmaras municipais e juntas de freguesia, têm um papel muito importante neste contexto, pois têm conhecimento dos problemas dos seus territórios e podem construir os instrumentos de mitigação e adaptação indispensáveis à solução.
Dada esta situação, não é apenas valioso estar informado é, também, fundamental atuar. Só assim poderá ocorrer uma mudança positiva de forte impacto no combate às mudanças climáticas rumo a ambientes urbanos sustentáveis.
Em 2015, após o Acordo de Paris, as alterações climáticas entraram na agenda política e social de 26 municípios nacionais através do projeto ClimAdapt. A carta de compromisso aponta a urgência de sensibilizar as comunidades locais e os diversos atores setoriais para as questões da adaptação às alterações climáticas.
A rede adapt.local, assumiu a prioridade de “dinamização da adaptação local, a capacitação técnica e a promoção da aprendizagem entre pares (…) incentivando os municípios portugueses a desenvolver políticas no seu quadro de atuação e sensibilizando os vários atores para a necessidade de promover medidas, ações e intervenções – técnicas, regulamentares e financeiras – que facilitem a atuação das autarquias”. Só em rede é possível “aumentar a capacidade dos municípios de incorporar a adaptação às alterações climáticas nas suas políticas de atuação, nos seus instrumentos de planeamento e nas suas intervenções”.
O relatório mais recente do Carbon Disclosure Project (CDP) aponta 25 cidades dos municípios de Águeda, Amarante, Braga, Fafe, Guimarães, Ovar, Valongo, Viseu, Funchal, Loulé, Barreiro, Cascais, Lisboa, Mafra, Sintra e Torres Vedras, como fazendo parte de uma lista de 148 que assumem boas práticas. Estas integram o total de 75% a nível europeu, com planos de adaptação para gerir as ameaças climáticas, essenciais a uma avaliação do risco climático e vulnerabilidade, bem como a identificação de ações para enfrentar os riscos decorrentes, um valor muito acima da média global.
A capacidade de acelerar a mudança está, assim, sendo construída. Contudo, caberá a todos a missão de compartilhar, discutir e desenvolver ideias, ferramentas e ações necessárias para uma nova visão do futuro e a aceitação da mudança. Um compromisso capital com as novas gerações.