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A “corrida contra o tempo”

É imperativo nestes tempos de pandemia, e a todo o custo, implementar medidas que permitam acima de tudo manter as empresas portuguesas abertas, em atividade, a operar e a gerar impostos, assim como, os portugueses que nelas trabalham igualmente empregados, a auferir rendimentos do seu trabalho e a pagar igualmente impostos sobre os mesmos, durante todo o tempo necessário até ao aparecimento de uma vacina eficaz contra este vírus, ou simplesmente enquanto não nos habituamos a viver com a pandemia e o nível de confiança dos consumidores não sobe e atinge níveis aos registados anteriormente.
7 Outubro 2020, 07h20

Já muito se falou e escreveu sobre a pandemia do COVID-19, sobre os lay-off´s simplificados, a polémica sobre a utilidade, ou falta dela, do apoio à retoma progressiva e das moratórias bancárias até março de 2021 e que recentemente passaram para setembro de 2021.

Posto tudo isto, talvez seja a altura de colocar as coisas em perspetiva. As mortes causadas por COVID-19 acabaram de atingir 1 milhão de óbitos no mundo em 2020, em contraposição, segundo os dados disponíveis relativos a 2017, morreram no mundo 17,79 milhões de pessoas por doenças cardiovasculares e 9,56 milhões de pessoas por cancros. Pondo outra vez em perspetiva, não obstante, nunca existiu tantos recursos canalizados para a obtenção de uma vacina ou para a descoberta de uma cura como para a COVID-19. No que concerne às outras doenças, pura e simplesmente aprendemos a tolerá-las e a viver com elas.

A verdade é que, de uma forma justificada, ou não, parece pacífico que estamos perante uma ocorrência que provocou provavelmente, e em valor, a maior destruição económica da história da Humanidade. Como forma de contrabalançar este fenómeno, a União Europeia preparou um fundo de recuperação através do qual Portugal receberá 15,3 mil milhões de euros. Agora a grande questão que se coloca é onde, com quem, e em que é que estes fundos serão gastos?

É nesta sequência que é importante relembrar que os fundos que agora Portugal recebe da União Europeia têm uma importância e natureza completamente distintas dos fundos estruturais que foram anteriormente recebidos entre 1986 a 2015.

Com efeito, desde a adesão à então CEE, Portugal foi um importante recipiente de instrumentos financeiros (os tais fundos estruturais) que se destinavam a apoiar o desenvolvimento e infraestruturação dos países e regiões da CEE mais desfavorecidas e periféricas (como era o caso de Portugal), tendo os diversos quadros de apoio sido marcados por inúmeros projetos emblemáticos e importantíssimos para Portugal, como foram a Ponte Vasco da Gama, a Ampliação do Aeroporto da Madeira, sistemas rodoviários e ferroviários, saneamento básico e um sem número de outros projetos e infraestruturas que, não fossem estes fundos estruturais, nunca teriam sido realizados e, sem os quais, não tenhamos dúvidas, Portugal seria um país muito diferente, menos infraestruturado e muito menos desenvolvido, sendo a Madeira um claro exemplo dos benefícios e da importância que os fundos estruturais da CEE tiveram para esta região.

Mas no atual momento a história é outra… Estamos a enfrentar uma das maiores pandemias da nossa História e estamos basicamente numa “luta contra o tempo” para salvar a nossa economia.

Com efeito, ao contrário dos anteriores fundos estruturais, os 15,3 mil milhões que Portugal receberá não se deveriam destinar à construção de nova infraestrutura per si (esses tempos já passaram), mas sim numa ajuda nesta “luta contra o tempo” que falava e que atualmente atravessamos. Ou seja, é imperativo nestes tempos de pandemia, e a todo o custo, implementar medidas que permitam acima de tudo manter as empresas portuguesas abertas, em atividade, a operar e a gerar impostos, assim como, os portugueses que nelas trabalham igualmente empregados, a auferir rendimentos do seu trabalho e a pagar igualmente impostos sobre os mesmos, durante todo o tempo necessário até ao aparecimento de uma vacina eficaz contra este vírus, ou simplesmente enquanto não nos habituamos a viver com a pandemia e o nível de confiança dos consumidores não sobe e atinge níveis aos registados anteriormente.

É importante aprendermos com a História e as suas diversas fases, porque se cairmos no erro do passado de apostar novamente no betão, vamos sem dúvida ter estradas novas, mas na altura em que estiverem construídas, os portugueses não terão nem carro, nem dinheiro para combustível para poder andar nelas.

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