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“A crise está instalada. O Orçamento para 2021 não tem credibilidade”

Luís Todo Bom, em exclusivo ao JE, alerta para a urgência do Banco de Fomento promover fusões e aquisições de PME, recomendando que se mantenha no capital dessas empresas durante algum tempo.
16 Outubro 2020, 07h40

Antigo dirigente político do PSD, secretário de Estado da Indústria e Energia do X Governo de Cavaco Silva, Luís Todo Bom – criador da PT e seu primeiro presidente – foi recentemente nomeado por Rui Rio para o novo Conselho Consultivo do PSD, constituído por 29 elementos, onde estão vários antigos ministros, como Daniel Bessa e Miguel Cadilhe, e o ex-comissário europeu Carlos Moedas, um órgão que funcionará em articulação com o Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD. Luís Todo Bom apresentou esta semana o seu último livro “Manual de Gestão de Empresas Familiares – Uma aproximação integrada empresa-família”. Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico considera que “a crise está instalada”.

Na conjuntura atualmente vivida em Portugal as grandes empresas farão investimentos para salvaguardarem o mercado que têm; o Estado promoverá uma política mais keynesiana injetando dinheiro na economia; e as pequenas empresas familiares, que lhes acontecerá? Vamos assistir a uma imensidão de falências de pequenas empresas?
A crise está instalada, portanto não vale a pena ignorá-la. Vamos ter um decréscimo do PIB este ano. O Fórum para a Competitividade já prevê uma queda entre -12% e -15%, a Católica mantém entre -10% e -12%, o Governo apresentou no seu Orçamento -8,1% (na versão definitiva passou a -8,5%) -, que não tem credibilidade. Aliás, o problema do Orçamento do Estado é que não há nada pior do que fazer um Orçamento onde os pressupostos de partida não têm credibilidade. A partir daí nada do que lá está escrito tem credibilidade.

Temos um problema em Portugal – o maior problema que temos ao nível das empresas familiares e não familiares é a sua dimensão. Nós temos de ter empresas maiores. Só há uma maneira de fazer crescer as empresas porque o crescimento orgânico demora imenso tempo. Ganhar mais um cliente durante um ano, isso não mexe o ponteiro. Só com fusões e aquisições. Ou há uma política clara de apoio às fusões e aquisições, preparada agora, porque nas crises é que se prepara o futuro, no sentido de melhorar e aumentar a dimensão das empresas portuguesas para poderem pagar melhor, para poderem ter quadros mais qualificados, para poderem atacar os mercados internacionais e para podermos aumentar o nosso nível de exportações, ou se continuamos com estas empresas muito pequenas, não vamos a lado nenhum e o empobrecimento é garantido. Não há nenhum incentivo fiscal, nem financeiro para as fusões e aquisições.

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