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“A curiosidade matou o gato?!? Talvez não…

A capacidade de ser curioso e manter-se curioso é uma peça fundamental do puzzle que é a criatividade. Mas a criatividade é isto mesmo: um puzzle! Por isso, não podemos achar que a curiosidade é a única caraterística do ser criativo.
17 Julho 2019, 07h15

No último artigo deixei em aberto a questão: o que significa ser criativo? Neste pequeno espaço não me é possível explorar tudo o que, a meu ver, significa ser criativo. Porém, gostaria de hoje aqui explorar uma das caraterísticas que mais sobressai na literatura científica na busca por desvendar o mistério do que é isto de ser criativo. Falo da curiosidade. Curiosidade?!? Sim, curiosidade! No dicionário online de Cambridge, curiosidade é definida como “um desejo, quase ansioso, de conhecer e aprender sobre algo”. O famoso provérbio popular diz que a “curiosidade matou o gato!” mas contesto “talvez não…”, porque aqui não me refiro à curiosidade “pela vida alheia” mas sim à  curiosidade intelectual.

Uma das mentes mais brilhantes e, arrisco-me a dizer, mais criativas da Humanidade foi, sem dúvida alguma, Albert Einstein. Contudo, ele afirmou que “I have no special talent. I am only passionately curious.”. E é esta curiosidade intelectual a que me refiro! Procurar querer saber mais, não se deixar ficar pela informação recebida, pesquisar, explorar, investigar por si próprio, sem obrigações, simplesmente pelo desejo incessante de encontrar novas e diferentes respostas, de questionar e aventurar-se pelo desconhecido, procurando sempre conhecer mais e mais. É disto que falo!

Ser curioso é uma das características que muitos estudos realçam como fazendo parte da chamada personalidade criativa. É uma componente essencial da criatividade pois é partindo deste “desejo incessante” que procuramos encontrar rumos originais e únicos para caminhos habitualmente tradicionalistas e pensamentos convergentes. É por meio desta curiosidade intelectual que navegamos por entre biliões e triliões de informação e não damos por terminado o nosso caminho, quando encontramos “a” resposta. Vemo-la como uma conquista, e quando uma nova inquietação surge, iniciamos um novo percurso de descoberta. O criativo curioso vive intensamente esta procura de respostas e não pára quando a encontra. Continua, continuamente (permitam-me o pleonasmo!) à procura de novas soluções. É por isso que uma das caraterísticas mais identificativas da pessoa criativa, pois sem curiosidade, sem este “bichinho” que nos move, ficamos parados na inércia do pensamento de outrém.

A capacidade de ser curioso e manter-se curioso é uma peça fundamental do puzzle que é a criatividade. Mas a criatividade é isto mesmo: um puzzle! Por isso, não podemos achar que a curiosidade é a única caraterística do ser criativo. É apenas uma, dentro de muitas outras. Porém, é uma das caraterísticas que mais “salta à vista” pois manifesta-se, muitas vezes, em interrogações inquietantes, que não devem ser colocadas de lado, mas sim valorizadas.

Procuremos ser curiosos intelectuais, não aceitemos as respostas “só porque sim”, procuremos novas questões, façamos perguntas difíceis, perguntas que nunca ninguém fez, utilizemos a nossa curiosidade para traçar novos caminhos e conquistar novos problemas criativamente. Fazendo minhas as palavras de Walt Disney, “we keep moving forward, opening new doors, and doing new things, because we’re curious and curiosity keeps leading us down new paths”.

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