Os resultados provisórios do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN), acabados de publicar, confirmam a tendência de crescimento da despesa em I&D em Portugal. As empresas assumem agora 51% do montante total da despesa que atingiu 1,33% do PIB nacional.
A lista das empresas que mais investem em I&D revela também o que sabemos: as empresas de maior dimensão suportam uma fatia importante desse investimento, mas ainda não, salvo raríssimas exceções, em níveis semelhantes de investimento ao das empresas congéneres noutros países.
Espera-se que o investimento empresarial, nas atividades que integram o ciclo de I&D e de Inovação, acelere, ganhando mais expressão nos próximos anos, na linha do que acontece nos países mais desenvolvidos. E que se consiga alargar a base de PME, com perfil tecnológico, participantes em iniciativas agregadoras, em torno de clusters ou de outros “arranjos” institucionais, reforçando, desse modo, a sua capacidade de absorção de conhecimento e de colaboração com outras empresas, universidades, politécnicos e centros de I&D.
Para tal, espera-se também que as já anunciadas políticas públicas de apoio ao sistema nacional de inovação, sobretudo no âmbito da estratégia de inovação tecnológica aprovada no Conselho de Ministros extraordinário sobre Inovação, em fevereiro de 2018, possam trazer uma nova abordagem, mais próxima e mais participada, capaz de traduzir as agendas de investigação e inovação num portefólio de atividades e projetos geradores de mais investimento e mais emprego qualificado, se possível num contexto internacional.
Para além da mobilização dos atores nacionais, importa atrair não só novos atores, como aliás tem vindo a acontecer com a crescente fixação em Portugal de centros de I&D e de engenharia de empresas multinacionais, mas também acolher mais investigadores e cientistas que, após aquisição de conhecimento e experiência noutros países, possam integrar as equipas dos núcleos ou departamentos de I&D e Inovação de empresas, centros de interface ou tecnológicos, laboratórios colaborativos, para além das instituições privadas sem fins lucrativos, cujo papel na dinamização do sistema nacional de inovação e sua internacionalização é incontornável.
Por outro lado, o desenvolvimento de novos produtos e serviços dirigidos a mercados globais, incluindo as tão necessárias provas de conceito, exige medidas específicas, facilitadoras da I&D colaborativa e da internacionalização através de programas e redes, como o H2020 e a Iniciativa EUREKA.
O posicionamento de Portugal como inovador moderado numa UE a 28 reflete isso mesmo. Muito trabalho a fazer, numa dinâmica assente numa visão de longo prazo, persistência na ação e sobretudo alinhamento de políticas multissectoriais.
A longa e demorada convergência com a média da União Europeia em termos de investimento em I&D impõe que esta área de intervenção pública, num esforço de concertação com o setor privado, seja mesmo uma prioridade, encontrando formas diferenciadoras que induzam a mudança acelerada e promovam a cultura de inovação no País.