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A Estratégia Alimentar e a pandemia

Aquando da pandemia, felizmente, no nosso país, não se apurou qualquer rutura preocupante no abastecimento alimentar à população. No entanto, são inegáveis os impactos que teve na produção e no rendimento dos produtores face ao encerramento de mercados, hotéis, restaurantes e cafés. Por outro lado, encareceu-se a logística de transporte e distribuição alimentar, mediante a quebra na procura e a quebra de disponibilidade de mão-de-obra, pelo confinamento e absentismo profilático.
4 Outubro 2021, 07h15

Recentemente, a 13 de setembro, foi aprovada a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, depois da sua criação pela Resolução do Conselho de Ministros, em 2018. Trata-se de um documento essencial e bem-vindo, na medida em que, para mais em contexto de pandemia ou mesmo pós-pandemia, perspetiva de forma integrada as matérias que respeitam à segurança alimentar e nutricional, no âmbito do “Direito Humano a uma Alimentação Adequada” e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, sob as orientações da ONU.

Em Portugal (com as Regiões Autónomas incluídas), assume o diagnóstico da segurança alimentar e nutricional e avalia a evolução e a tendência quer da produção quer do consumo, pois há que assegurar um conjunto de sistemas alimentares e nutricionais acessíveis, “sustentáveis, saudáveis e inclusivos” a uma população consumidora crescente.

Na sua ação, tem ainda em conta a necessidade de repensar e reajustar, face às consequências e efeitos da pandemia, o próprio sector agroalimentar, do “Prado ao Prato”, pelo que aqui se exalta a importância do papel incontornável das políticas adotadas na qualidade, quantidade e segurança alimentar, com o objetivo de uma nutrição adequada para todos.

Aquando da pandemia, felizmente, no nosso país, não se apurou qualquer rutura preocupante no abastecimento alimentar à população. No entanto, são inegáveis os impactos que teve na produção e no rendimento dos produtores face ao encerramento de mercados, hotéis, restaurantes e cafés. Por outro lado, encareceu-se a logística de transporte e distribuição alimentar, mediante a quebra na procura e a quebra de disponibilidade de mão-de-obra, pelo confinamento e absentismo profilático. Além do mais, os próprios padrões de consumo também se modificaram, com um aumento evidente do consumo em casa por força do confinamento das populações, mas também pelo encerramento e falta de procura do denominado grupo HORECA (hotéis, restaurantes e cafés) – um dado constatado é que “quase metade da população (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante este período” mas “para pior (41,8%)”, ao qual fatores como o stress e ansiedade vividos não são alheios, sobretudo devido ao receio com a situação económica e possíveis repercussões na vida das populações.

É de enaltecer, porém, a capacidade de adaptação e reajustamento de múltiplos agentes económicos e políticos, pois por mais quebras, perturbações logísticas e encerramentos de estabelecimentos de restauração (até por razões de saúde pública) que possam ter existido, o abastecimento alimentar à população nacional nunca foi posto em causa durante o período pandémico.

Estas situações, certamente, servirão de base para se atempar, de futuro, eventuais cenários de risco e disrupção na cadeia de abastecimento alimentar, desde a produção ao consumidor, e minimizar o comprometimento e constrangimentos da atividade comercial e económica do país.

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