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A Fonte Luminosa

O Familygate, e a perceção crescente da população de que o aumento dos algarismos na folha do vencimento não correspondem a um maior número de notas na carteira ao final do mês, a que se acresce a total falência dos serviços públicos fez com que, finalmente, o estado de graça de António Costa se tenha finado.
10 Maio 2019, 07h15

A Política é o instante. Há menos de um ano debatia-se a dimensão da vitória do PS nas eleições Europeias e nas Legislativas nacionais deste ano. Já para não falar da “obsessão” confessa por parte de António Costa de “vir à Madeira ganhar pela primeira vez”, o que constitui um portento de sensibilidade Autonómica. Nas Europeias, a perspetiva de eleger um máximo de 6 deputados tornava hercúlea a constituição da lista do PSD. Já do lado do PS, dava para tudo. Com o fito nos 10 ou 11 MEP’s, podia-se prometer a elegibilidade até ao décimo segundo dos seus 21 candidatos, uma vez que o cabeça de lista e candidato a young star rosa, Pedro Marques, tem prometida a sucessão do brilhante Carlos Moedas como Comissário Europeu indicado por este jardim à beira Atlântico por D. Dinis plantado, e queimado durante o reinado de D. Costa I, nos incêndios de 2017. Quantos às legislativas, a entourage socialista esfregava as mãos perante uma maioria absoluta que parecia inevitável, perante um dynamic duo Catarina/Jerónimo com as bocas cheias de 4 anos de sapos difíceis de engolir, e cujo resultado seria o regresso à irrelevância parlamentar. Pois bem. The tide is turning. O Familygate, e a perceção crescente da população de que o aumento dos algarismos na folha do vencimento não correspondem a um maior número de notas na carteira ao final do mês, a que se acresce a total falência dos serviços públicos fez com que, finalmente, o estado de graça de António Costa se tenha finado. 2019 não é 2009. O povo português maturou, e muito aturou, pelo que a disponibilidade para assistir impávido ao banquete cacique da coisa pública, acrescido da irresistível e indisfarçada tentação para o controlo da comunicação social, dos instrumentos de repressão, e de tudo o que mexe na nossa sociedade, pode ter atraiçoado de vez o projecto Costista: Uma maioria, um Governo, e duas regiões Autónomas. Já não falo do Presidente, pois permanece inabalável no seu desiderato de reeleição.

Quo Vadis Costa? Eu ainda me lembro de quando o actual 1º ministro era da ala moderada, centrista se quisermos, do partido do Largo do Rato. Por entre deserdados do Socratismo, e jovens turcos bloquistas disfarçados de socialistas democráticos, cuja militância rosa se deve ao caminho mais curto para o poder, malta que nunca se juntaria a Soares na Fonte Luminosa, Costa parece encurralado.

Na Madeira assiste-se a um concertado baixar de fasquia no domínio das expectativas face ao plebiscito de dia 26. Num processo de surpreendente autofagia, o PS Regional decidiu, tal como “his master voice” no Rato, empreender uma série de tiros nos pés cujas maiores evidências serão, indubitavelmente, a não recondução de Liliana Rodrigues e a consequente aposta num enorme equívoco chamado Sara Cerdas. Como é possível que um projecto político forte e dispendiosamente assessorado não tenha percebido que as eleições europeias serão uma gigantesca sondagem às eleições de Setembro? Como ninguém conhece, nem ficará convencido até às eleições com, Cerdas, será Cafôfo a ser escrutinado no final deste mês. Bernardo Trindade e Emanuel Câmara já vieram pôr água na fervura, quasi assumindo a derrota nas europeias, mas justificando que será um trampolim para uma marcha triunfal. Curioso e criativo exercício.

É também a Autonomia que será referendada nestes próximos actos eleitorais, no que à Madeira diz respeito. Costa, como já referi, diz que “vem à Madeira ganhar “. Tal como a Fonte Luminosa de há décadas e meia, é tempo de afirmarmos o que queremos e, principalmente, o que não queremos. Dia 26 teremos a nossa Fonte Luminosa. Não esperamos que aqueles que desprezam a Autonomia se juntem ao projecto que há 40 a defende. Mas sabemos que será dado um enorme grito por aqueles que querem continuar a gerir os seus próprios destinos.

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