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A França está sem governo

A votação da moção de censura imposta pela Nova Frente Popular na Assembleia Geral passou, ou seja, a França fica sem governo. Michel Barnier volta para casa e Emmanuel Macron também: está de visita à Península Árabe, mas tem um novo problema nas mãos.
Michel Barnier
FILE PHOTO: France newly appointed Prime minister Michel Barnier looks on during the handover ceremony at the Hotel Matignon in Paris, France, September 5, 2024. Stephane De Sakutin/Pool via REUTERS/File Photo
4 Dezembro 2024, 19h35

O governo de Michel Barnier acabou: a moção de censura – votada favoravelmente pela extrema-direita e pela Nova Frente Popular – foi adotada. A França está sem governo e sem Orçamento para 2025. 331 deputados votam para acabar com o governo de Michel Barnier. O primeiro-ministro entregará sua renúncia a Emmanuel Macron. O governo Barnier é o segundo da Quinta República a ser derrubado, depois do de Georges Pompidou em 1962. A renúncia do primeiro-ministro é automática após o voto de censura, de acordo com o artigo 50 da Constituição.

Só a partir de junho de 2025 é que a Assembleia Nacional poderá ser novamente dissolvida – pelo que, para já, novas eleições não é uma solução possível. Sabe-se, por outro lado, que Macron anda há dias a sondar várias personalidades para poder apresentar à Assembleia um novo primeiro-ministro. Evidentemente que, seja ele quem for, terá pelo menos as mesas dificuldades que Barnier para fazer passar as suas propostas na Assembleia Nacional.

Outra possibilidade que não está em cima da mesa seria a resignação de Emmanuel Macron – que já foi pedida, e que o presidente já disse que não faria.

“Não considero isto uma vitória”, disse Marine Le Pen poucos minutos após a votação. “Tínhamos uma escolha a fazer e a escolha que fizemos é proteger os franceses”, explicou a líder dos deputados da União Nacional (RN), dizendo que lamentava ter sido “forçada a somar os meus votos aos de La France Insoumise”. “As nossas instituições são feitas de granito”, disse Le Pen, quando questionada sobre um possível aumento de impostos sem a adoção do projeto de lei de finanças até o final de dezembro. “Haverá uma lei especial que permitirá a continuidade da vida da nação. E então haverá a nomeação de um primeiro-ministro e ele próprio trabalhará com um orçamento”, disse.

Mathilde Panot (da La France Insoumise), disse por seu turno que “o governo Barnier terá tido desonra e censura. A líder dos deputados de La France Insoumise, disse que o governo Barnier “foi uma provocação” após a votação na segunda volta das eleições legislativas de 7 de julho, que colocou a coligação de esquerda da Nova Frente Popular na liderança. “O único soberano numa república é o povo”, continuou, vendo no executivo Barnier o “governo mais efémero de toda a Quinta República”. No final, “o governo Barnier terá tido tanta desonra” por ter feito várias concessões à União Nacional de Le Pen durante o debate orçamental para se manter a todo o custo.

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