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“A grande maioria das seguradoras planeia aumentar o investimento em ativos privados”, defende BlackRock

As seguradoras mundiais estão focadas em aumentar a alocação a mercados privados, infra-estruturas de energia limpa bem como na utilização de tecnologia em 2024, de acordo com o 13º Global Insurance Report da BlackRock.
15 Outubro 2024, 14h13

Acaba de ser publicado o terceiro relatório da BlackRock, o “Global Insurance Report”, que conclui que a grande maioria das seguradoras planeia aumentar o investimento em ativos privados.

O inquérito da BlackRock revela mesmo que 91% dos inquiridos planeiam aumentar os seus investimentos em ativos privados nos próximos dois anos. Este valor sobe para 96% no caso das seguradoras da APAC e 96% no caso das seguradoras da América do Norte.

As seguradoras mundiais estão focadas em aumentar a alocação a mercados privados, infra-estruturas de energia limpa bem como na utilização de tecnologia em 2024, de acordo com o 13º Global Insurance Report da BlackRock. Segundo o estudo 60% das seguradoras investem em infra-estruturas de energia limpa com o objectivo de promover a transição para baixas emissões de carbono.

Os inquiridos vêem ainda valor na tecnologia para faze face aos principais desafios que a avaliação de activos privados (53%) contempla bem como para os requisitos regulatórios referentes à integração de capital (51%).

O relatório apresenta as opiniões de 410 investidores em seguros inquiridos em 32 mercados, representando cerca de 27 triliões de dólares em activos sob gestão.

André Themudo, responsável do negócio para Portugal da BlackRock,  diz que “nos últimos anos, assistimos a uma rápida aceleração da procura por mercados privados por parte das seguradoras, devido aos benefícios duplos destes investimentos: diversificação e aumento da rentabilidade”.

“Prevendo-se que 2024 seja o ano eleitoral mais importante da história, as seguradoras consideram que a incerteza política afecta os riscos macroeconómicos, indicando os desenvolvimentos regulamentares (68%) e o aumento da tensão geopolítica e da fragmentação (61%) como as suas principais preocupações”, salienta a BlackRock.

Além disso, o risco de taxa de juro (69%) e o risco de liquidez (52%) foram considerados os riscos de mercado mais preocupantes para as seguradoras.

Apesar desta perspectiva, 74% das seguradoras não prevêem alterar os seus actuais perfis de risco.

Em concreto, muitas seguradoras afirmaram que beneficiam de parcerias para reforçar os conhecimentos internos em matéria de avaliação de riscos e de construção de carteiras.

De acordo com 40% dos inquiridos, um sócio investidor que compreenda tanto o seu negócio de seguros como o seu modelo operacional é fundamental para o sucesso das prioridades estratégicas das seguradoras.

Sobre a alocação de ativos, os inquiridos defendem uma abordagem equilibrada entre activos públicos e privados.

Nos mercados públicos, 42% dos inquiridos planeiam aumentar as suas alocações a obrigações governamentais e agências.

Para os inquiridos pela BlackRock as obrigações indexadas à inflação são também uma prioridade, com 33% a prever aumentar a exposição, enquanto que quase metade das seguradoras (46%) identifica a inflação como um risco macroeconómico importante. Além disso, 44% dos inquiridos planeia aumentar as suas alocações em liquidez e instrumentos de curto prazo.

Nos mercados privados, as seguradoras informam que estão a procurar aumentar as alocações a dívida privada em várias categorias, incluindo dívida privada oportunistica (41%), private placements (40%), direct lending (39%) e dívida de infra-estruturas (34%).

Uma vez que o espectro da dívida privada abrange agora um conjunto de oportunidades mais alargado, o relatório da BlackRock indica que esta classe de activos pode ir ao encontro dos objectivos de investimento das seguradoras que necessitem de activos para suportar responsabilidades a longo prazo, bem como aumentar o rendimento do investimento através da iliquidez em vez de outras características de investimento.

Além disso, mais de metade das seguradoras (52%) declarou que irá aumentar as alocações a investimentos multi-alternativos para uma maior flexibilidade e personalização.

Olivier Van Eyseren, responsável pelo Grupo de Instituições Financeiras (FIG) na região EMEA, considera que “as seguradoras enfrentam desafios únicos na avaliação da alocação estratégica de activos em investimentos alternativos, tal como questões regulamentares, necessidades de liquidez e maiores despesas de capital”.

“Uma parte importante do nosso trabalho com seguradoras é ajudar a navegar estas complexidades de curto prazo, ao mesmo tempo que tentamos obter os melhores resultados possíveis a longo prazo das carteiras”, acrescenta.

Transição para uma economia de baixo carbono na sua carteira de investimentos

Quase todas as seguradoras inquiridas (99%) estabeleceram um objetivo de transição para uma economia de baixo carbono na sua carteira de investimentos, com 57% dos inquiridos a citarem a gestão e/ou mitigação dos riscos climáticos como a principal motivação.

Outras razões para estabelecer objectivos para a transição para uma economia com baixas emissões de carbono são as necessidades de responder aos interesses das partes interessadas e dos beneficiários, bem como satisfazer os requisitos regulamentares.

“Para apoiar a estratégia de transição para uma economia com baixas emissões de carbono, as infraestruturas de energia limpa, como a energia eólica e solar (60%), e as tecnologias, como as baterias e o armazenamento de energia (60%), foram identificadas como as duas principais áreas temáticas nas quais as seguradoras planeiam concentrar-se”, realça a BlackRock.

Além disso, 66% dos inquiridos afirmaram que estão agora mais empenhados em investir na transição para uma economia com baixas emissões de carbono do que há um ano, acrescenta o estudo.

Seguradoras reconhecem a importância de investir em tecnologia

“Num ambiente macroeconómico e regulatório cada vez mais volátil e complexo, as seguradoras reconhecem a importância de investir em tecnologia”, conclui o inquérito.

A alocação integrada de ativos (63%) e a gestão de ativos e passivos (61%) foram mencionadas como prioridades estratégicas para as respectivas plataformas tecnológicas.

A integração do capital regulamentar (51%) foi também indicada como uma área em que a tecnologia poderia gerar valor acrescentado.

À medida que as seguradoras se esforçam para prosseguir a implementação nos mercados privados, 53% dos inquiridos consideram a modelação de ativos privados como uma área adicional para aproveitar a tecnologia, conclui o Inquérito Global Insurance Report da BlackRock.

Este inquérito, agora na sua 13ª edição, fornece uma visão líder da indústria sobre o planeamento e pensamento da indústria de seguros através de entrevistas conduzidas de forma independente com executivos seniores de seguros em todo o mundo. O inquérito deste ano, realizado entre julho e setembro de 2024, capta as opiniões de 410 executivos seniores do sector em 32 mercados com a seguinte distribuição regional: 42% da EMEA, 29% da Ásia-Pacífico, 19% da América do Norte e 10% da América Latina.

Em conjunto, estas empresas representam ativos investíveis de aproximadamente 27 biliões de dólares.

O relatório interativo associado complementa as descobertas globais com resultados regionais, comentários de colegas da indústria e percepções de especialistas da BlackRock.

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