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A importância do empreendedorismo

Independente da forma, o empreendedorismo é símbolo de risco, rutura e mudança de paradigma, sendo simultaneamente sinónimo de solução. O indivíduo empreendedor reúne determinadas competências comportamentais que se revelam fundamentais no desenvolvimento económico empresarial, nomeadamente pela iniciativa na tomada de decisões, visão, organização e, até, gestão.
5 Fevereiro 2018, 07h15

Atualmente, a economia mundial caracteriza-se por um elevado ritmo de ocorrência de inovações, pela crescente importância da ciência e da tecnologia, da informação e do conhecimento na competitividade empresarial e, ainda, apesar de já não ser novidade, pela globalização.

De facto, a globalização não é, no essencial, matéria nova na história económica e social da humanidade. Com efeito, a grande inovação ocorreu há quinhentos anos atrás, com a expansão marítima dos portugueses e espanhóis para a América e para o Oriente pela rota do Atlântico. O facto novo, que representa atualmente uma evolução, é a concentração no tempo e o aprofundamento na intensidade, em função do aumento da mobilidade, despoletada pela revolução científica e tecnológica.

Em consequência, os mercados crescem exponencialmente, a concorrência multiplica-se, as tecnologias desenvolvem-se e os produtos ficam rapidamente obsoletos, havendo necessidade de as empresas atuarem de forma a colocar no mercado os produtos e/ou serviços de qualidade, de um modo mais rápido e a preços mais competitivos.

É neste contexto que temos assistido, um pouco por todo o mundo, ao crescimento acelerado do empreendedorismo, especialmente tecnológico, desencadeado por empresas designadas por startups. Ideias fora da caixa, inovação contínua, poucos colaboradores, ambientes de incerteza e com grande potencial de criação de valor num reduzido espaço de tempo, são marcas distintivas destas empresas.

Os jovens sentem-se atraídos por esta filosofia de negócios, principalmente os oriundos de países como EUA, Israel e Índia, onde os governos e as universidades têm investido significativamente na dinamização do empreendedorismo.

Todavia, o conceito de empreendedorismo não é recente. Durante a Idade Média, as condições de feudalismo modificavam-se lentamente e o sistema de empreendedorismo formava-se com base na classe emergente, de comerciantes e homens de negócios, e na proliferação das cidades.

Neste período, o termo “empreendedor” foi empregue para descrever tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção. A historiadora e filósofa francesa Hélène Vérin foi uma das primeiras a estudar a evolução do termo entrepreneur através da história, observando que no século XII, o termo era invocado para referir-se “àquele que incentiva lutas”. Já no século XVII, representado na era económica, o empreendedor estava ligado à pessoa que “tomava a responsabilidade e coordenava uma operação militar”.

Desde então, a atividade empreendedora expandiu-se ao longo do século XVII até à atualidade, como o conhecimento experimental e, portanto, epistemológico ou baseado nas habilidades. Assim, o empreendedorismo tornou-se gradualmente mais instrumental, no sentido de corrigir as ineficiências ou fornecer novas soluções de bens e serviços.

Independente da forma, o empreendedorismo é símbolo de risco, rutura e mudança de paradigma, sendo simultaneamente sinónimo de solução. O indivíduo empreendedor reúne determinadas competências comportamentais que se revelam fundamentais no desenvolvimento económico empresarial, nomeadamente pela iniciativa na tomada de decisões, visão, organização e, até, gestão.

Um empreendedor de sucesso, em conformidade com as necessidades, conhecimentos e valores plurais da comunidade empresarial em que se insere, revela-se criador de soluções e métodos cruciais para o sucesso de uma empresa no mercado, considerando, ainda, a sua responsabilidade social.

Podemos, então, concluir que o empreendedorismo tem tido um grande impacto mundial, especialmente no que diz respeito às transformações no mercado global. Há cada vez mais empreendedores no mundo, atuando em diversos setores e organizações. Trata-se de uma ação profissional de desenvolvimento empresarial, visando claramente o lucro económico.

É nesta linha que Portugal tem procurado estimular os jovens, através da rede de startups e de eventos como a Web Summit, realizada em Lisboa. No entanto, a nossa sociedade continua muito conservadora e intolerante em relação ao fracasso. Como se depreende do texto, o empreendedor é por definição propenso ao risco e, por conseguinte, está permanentemente exposto às perdas. Logicamente os tempos são de prudência e os jovens devem ser alertados para os desafios do empreendedorismo e para as consequências dos fracassos. Aliás, já em 2004, a Comissão Europeia interpelava economias empreendedoras, como por exemplo a brasileira, para a necessidade de dar aos jovens uma maior base educacional, fornecendo-lhes as habilidades e os instrumentos necessários à compreensão do mercado empresarial, visando atenuar os impactos do empreendedorismo. Por outro lado, a sociedade deve perspetivar os jovens e os eventuais fracassos como experiências rumo ao aprimoramento do indivíduo como empreendedor, de forma a permitir um recomeço sem estigmas e preconceitos, dado que há inúmeras histórias de fracasso com um futuro de sucesso.

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