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A indignação e preocupação dos portugueses

Todos os dias nos confrontamos com um brutal aumento dos produtos alimentares; com o aumento da energia; com o aumento dos juros do empréstimo para a habitação; o aumento das portagens e transportes; e com uma larga percentagem de salários precários (ou mesmo acima da média) que não conseguem corresponder a estes aumentos.
1 Fevereiro 2023, 07h15

É impossível não retornar a este tema, está na “ordem do dia” e é recorrente a sua discussão diária nos diversos espaços sociais: o aumento do custo de vida de uma grande maioria dos portugueses que aumenta a pressão do custo médio de subsistência. E reforça-se, para uma maioria porque há uns quantos que têm beneficiado da atual crise, ou não tivessem já ultrapassado os lucros de muitas empresas e grupos económicos em relação a 2019, por exemplo.

É este o tema que mais aflige hoje a grande parte da população do nosso país, a par da preocupação com a pobreza, com o risco de pobreza e com a exclusão social. E não é para menos: todos os dias nos confrontamos com um brutal aumento dos produtos alimentares; com o aumento da energia; com o aumento dos juros do empréstimo para a habitação; o aumento das portagens e transportes; e com uma larga percentagem de salários precários (ou mesmo acima da média) que não conseguem corresponder a estes aumentos. Há mesmo quem já recorra a poupanças para cobrir as falhas do orçamento mensal e atenuar as dificuldades com que começam a deparar-se. E na miragem continuam por aumentar condigna e correspondentemente os salários e pensões da população portuguesa; por acabar com a precariedade laboral; por valorizar as carreiras e profissões e por incrementar a criação de mais emprego condigno – medidas que nos permitiriam a todos a melhoria das condições de vida e uma justa e mais equitativa distribuição da riqueza produzida – só estas medidas se poderão traduzir num país melhor para todos, um país de futuro e socialmente progressista; um país mais democrático.

Não chegam as ajudas pontuais e avulsas, quais ações paliativas, do atual governo, são imperativas políticas de modificação socioeconómica profundas que possam travar o aumento do empobrecimento de uma grande fatia de pessoas que trabalham – é inaceitável (e assustador) o aumento da pobreza (e do risco de pobreza) daqueles que trabalham! Já os que lucram obscenamente com a inflação (e a prática oportunista de especulação) não são taxados extraordinariamente nos seus lucros quanto mais não fosse para converter essa receita na melhoria de apoios sociais ou de investimento nos serviços públicos, como a saúde e a educação.

Um dos reflexos da crise decorrente, é o aumento da procura de ajudas junto a instituições de apoio social, sobretudo ajudas de natureza alimentar que cada vez mais socorrem pessoas que têm emprego, mas cujo salário deixou de cobrir as necessidades familiares – pessoas da classe média e média-baixa, como acréscimo a outros tantos que emergiram na pandemia e que desde então não conseguem viver sem estas ajudas, até porque já não há moratórias e acabou o lay-off. Por sua vez as organizações de apoio alimentar (ou outro) começam a ter dificuldades em fazer face a tanta procura, para mais com a atual carestia de bens de necessidade básica o que, mais uma vez, se potencia o risco de pobreza de milhares de pessoas – já em 2021 quase um terço da população portuguesa vivia em risco de pobreza, no decurso dos efeitos da pandemia. E agora, tendo em conta a atual crise financeira com o maior valor de inflação dos últimos 30 anos, quantos seremos?

(… Portugal, “quem te desfigurou”? )

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