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A Jangada de Pedra de Saramago e as interligações energéticas

Autarca de Lisboa recorreu ao livro do Prémio Nobel português para ilustrar o isolamento energético de Portugal e Espanha.
5 Julho 2023, 12h51

Carlos Moedas invocou hoje a Jangada de Pedra de José Saramago para fazer uma comparação entre o livro do Prémio Nobel e o isolamento energético ibérico.

“É um romance extraordinário. Na área de energia, Portugal e Espanha ainda são essa jangada de pedra separada da Europa”, afirmou hoje o autarca de Lisboa, invocando o livro em que a Península Ibérica se separa do continente europeu para passar a navegar no Oceano Atlântico.

Carlos Moedas recordou o seu período como comissário europeu da inovação e ciência entre 2014 e 2019. Durante esse período, sublinhou que, juntamente com o espanhol Miguel Arias Canete (então comissário da Energia), tentaram “convencer Jean-Claude Juncker [o então presidente da Comissão Europeia]” da importância das interligações ibéricas.

“A nossa pergunta era simples: a questão não é para nós, a questão é para a Europa. Queremos ter um mercado único da energia, sim ou não? Precisamos de ter um mercado único da energia que só pode ser possível com Portugal e Espanha e interconexões”, afirmou hoje durante o Fórum Luso-Espanhol da Descarbonização que decorreu hoje em Lisboa.

Na realidade, apesar das intenções dos governantes de Portugal e Espanha nos últimos anos, os projetos previstos não têm avançado. A resistência francesa, os custos elevados dos projetos, com os reguladores preocupados nos impactos na fatura dos consumidores, e a falta de financiamento europeu ditou o borregar dos projetos.

“Penso que há uma oportunidade única de olhar para esta jangada de pedra e perguntar qual a grande vantagem competitiva? É a transição energética. Portugal e Espanha podem lidar com a transição energética na Europa”, defendeu Carlos Moedas.

Nesse sentido, destacou os 300 dias de sol para produzir eletricidade, mas também para produzir hidrogénio verde.

O autarca apontou que a transição energética pode vir a ter um impacto de 10% a 15% no PIB português, com a criação de 300 mil empregos no país.

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