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João Gil: “A música portuguesa está muito viva e de boa saúde”

No ano em que se celebram cinco décadas do 25 de Abril, o músico lança um novo álbum, “Só Se Salva o Amor”, que é também uma reflexão sobre a democracia. Até porque o seu trajeto, iniciado em 1976 com a viagem “Trovante“, se confunde com a Democracia, com todos os seus defeitos e virtudes. E o futuro já espreita, pois o vulcão que o habita começa a mostrar-se.
29 Junho 2024, 15h00

João Gil dispensa apresentações. E, embora o músico confesse ao Et Cetera que sente estar a começar algo novo, o seu percurso diz muito sobre a sua forma de estar e ver o mundo. O novo álbum, com letras e música da sua autoria, salvo três temas, um dos quais, “A Constituição”, que usa o preâmbulo da Constituição da República Portuguesa, dá-nos pistas sobre as questões que lhe ocupam a mente, da falta de sentido coletivo à pobreza que teima em perdurar. Certo é que está a redescobrir o vulcão que o habita e que o leva a dar o melhor que há em si: a palavra cantada.

Como recordas o país na tua juventude?
Era um país a preto e branco, terrivelmente fechado e muito triste. Não havia concertos, ou se houvesse era à porta fechada. Mas não entendas a minha conversa como paternalismo… Foi o que foi. Lutámos pela Liberdade para podermos dizer o que queríamos sem reservas. E hoje é importante constatar que isto não é um dado adquirido, e importa despertar para as coisas que é preciso preservar e outras que é preciso mudar, caso da pobreza, que está longe de estar resolvida em Portugal. Mas também importa dizer que a descolonização foi terrível e não correu tudo bem. Há feridas abertas? Seguramente que há, mas se as pessoas não falarem delas, nunca mais irão sarar. Porque não começar a falar mais abertamente e de uma maneira tranquila sobre o que foi a nossa história recente.

É pertinente fazer um balanço sobre a Democracia, olhar para a realidade portuguesa, mas, também, para o mundo.
Este álbum aborda isso tudo. E lembro-me de, na altura m que estava a compor, ter lido um tweet que dizia que o Papa é cobarde e fiquei a pensar “onde é que isto já vai?!”. Pelo contrário, o que ele está a fazer exige uma enorme coragem. Levanta questões que mexem com a Igreja, seja o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seja o papel das mulheres na Igreja, seja a importância da paz – nas críticas que faz à guerra na Ucrânia e a Israel – vemos, muitas vezes, um Papa sozinho a ‘pregar no deserto’. Acho que podemos fazer um certo paralelismo com Nelson Mandela. Por isso, tinha que lhe fazer essa homenagem.

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