Como explorado no artigo anterior, a capacidade de resolver problemas é uma competência humana fundamental num mundo em mudança, onde as soluções não são meramente rotineiras.

Não obstante, compete a quem procura as soluções compreender que nem todos os problemas nascem iguais, e por assim o ser, nem todos exigem o mesmo grau de compromisso intelectual e envolvimento pessoal.

A forma como, ao longo dos anos, comecei a relativizar problemas, baseia-se fundamentalmente em duas perguntas simples: “quão complexo é este problema?”, “quantas pessoas contribuem para/são afetadas pela solução”.

Considere-se, para efeitos do eixo de complexidade, dois extremos: problema e solução evidentes, em oposição a problema e solução pouco claros.

Por outro lado, no quadro das pessoas envolvidas: relacionamentos simples ou cooperantes, em oposição a múltiplos agentes conflituantes em valores e interesses.

É fácil para o leitor compreender que, quando perante um problema de solução evidente sem interesses divergentes, estamos perante um problema simples.

À medida que evoluímos no eixo de complexidade dos problemas, vamo-nos confrontando com desafios de maior complexidade cognitiva, ao passo que, no eixo das pessoas, a evolução tende para a complexidade relacional.

A grande alteração produzida pelos desafios emergentes da gestão está a contribuir para uma evolução significativa da natureza dos problemas.

Se pensarmos em temáticas transformadoras, como a digitalização ou a economia circular, encontramo-nos perante desafios de elevada complexidade dentro das organizações (em função da indústria, dimensão ou cadeia de valor) e, por outro lado, bastante transversais no envolvimento do capital humano das empresas, bem como na colaboração com agentes externos à organização.

É neste quadro complexo que os gestores, confrontados com desafios de tipo novo, não podem recorrer a soluções vigentes, devendo adotar um olhar exploratório perante a resolução de problemas.

Por um lado, garantindo as ferramentas intelectuais que permitam abordar os problemas de forma complementarmente lógica e criativa e, por outro, promovendo o envolvimento e compromisso daqueles que são impactados pelos problemas e respetivas soluções.

Nem todos os problemas nascem iguais, mas convém que a culpa de não os resolver não morra solteira.