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A “nova” loja

Há momentos em que devemos reflectir, e pensar que pequenos valores que despendemos acabam por ter efeitos muito mais positivos (ou negativos) em pequenas economias como esta.
16 Agosto 2019, 07h15

Caso ainda tenham a paciência de me ler, prometo que desta vez não irei falar das questões laborais, da fraca competitividade do nosso país (derivada dessas inépcias), nem das políticas de recrutamento de recursos humanos e respectiva influência na gestão das empresas portuguesas.

A verdade é que estamos no verão. Alguns de vós estão leves, de férias, a aproveitar a companhia das famílias, banhados pelo sol, ao mesmo tempo que retemperam energias para voltar em força, já em Setembro. Outros, trabalham no Agosto (mês “morto”, por assim dizer), aproveitando este “marasmo” para colocar as coisas em dia, até irem de férias (já em Setembro), ou, então – de forma também inteligente – reiniciam a sua labuta após umas férias tiradas “off season”. Partem estes últimos, à frente do pelotão.

Da minha parte, aproveito a primeira metade das férias em Porto Santo.

E este sítio é, de facto, especial. Especial naquilo que nos proporciona, especial na forma como nos põe a pensar como é que se sobrevive fora deste ambiente festivo de Verão.

Como se sabe, inaugurou-se há bem pouco tempo uma grande superfície comercial (vulgo hipermercado), que trouxe novas dinâmicas a esta ilha.

Convém que tenhamos em conta que é uma ilha, de cerca de 48km2, com 5000 habitantes e uma praia fenomenal (atente-se no adjectivo) de 11kms de areia limpa, água translucida e temperaturas agradáveis durante o ano inteiro.

Se acham que estou a ser demasiado gentil, “google it”, ou, como diz o meu filho mais velho “procurem na internet”.

Mas, a criação desta infraestrutura não foi isenta de algumas complicações. As “lojas” mais pequenas, os comerciantes, (quer do ramo da restauração, quer de outros), sentem-se injustiçados e preteridos, pelas forças de mercado que atraem para a grande superfície os consumidores ávidos de preços mais competitivos e ofertas mais completas.

O que fazer? Quem fica a ganhar, ou a perder?

Será que o Porto Santo consegue empregar 200 ou 300 funcionários “da sua gente” neste novo empreendimento, ou que, por outro lado, “acaba de matar o comércio tradicional de 20 ou 30 lojas no centro da vila”?

E, sendo verdade qualquer uma das premissas acima apresentadas, o que é melhor? Empregar 200 ou 300, e despedir 100 ou 150? Ou não empregar, mas manter 100 ou 150 postos de trabalho?

Descendo à “realidade” apresento o caso de um amigo, que tem um restaurante de frangos. Compra cada um dos seus a 2€, assa e vende, a 9€, com um “lucro” de 5€, deduzidas as despesas de electricidade, funcionários, etc. Por outro lado, o supermercado, vende já – preparado e pronto a comer – o mesmo frango, de 1.200g, a 3€.

Você, consumidor, o que preferiria?

Há momentos em que devemos reflectir, e pensar que pequenos valores que despendemos acabam por ter efeitos muito mais positivos (ou negativos) em pequenas economias como esta.

Estejam atentos a estes pormenores, na hora de escolher e diversificar as nossas opções de compra.

Boas férias para todos.

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