Falar de menstruação ainda é um tabu na nossa sociedade. A maioria das mulheres tem vergonha de discutir sobre este processo natural. Isso porque os temas relacionados com corpo feminino estão ainda rodeados de desinformação e estigmas.
A pobreza menstrual é um desses tabus. Trata-se da designação dada à falta de acesso de raparigas e mulheres a produtos básicos para manter uma boa higiene no período da menstruação. Não se restringe só à falta de dinheiro para comprar tampões, pensos ou copos menstruais, mas também à ausência ou precariedade de infraestrutura no ambiente onde vivem, como água e saneamento básico.
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou hoje, 9 de março de 2022, uma recomendação do PS para a distribuição gratuita de produtos de higiene feminina reutilizáveis nas escolas públicas do concelho, para combater a pobreza menstrual e promover hábitos de consumo ambientalmente mais sustentáveis.
“É uma recomendação que garante um consumo ambientalmente mais responsável, com vantagens para toda a cidade, mas sobretudo assegura a dignidade humana e direito à saúde das jovens do nosso município”, afirmou o deputado municipal do PS Duarte Marçal, na apresentação da proposta.
A recomendação, dirigida à Câmara de Lisboa, foi viabilizada com os votos contra do Chega, Iniciativa Liberal (IL) e da deputada do CDS-PP Margarida Penedo, a abstenção de PSD, CDS-PP e MPT e os votos a favor de PS, BE, PEV, PCP, PAN, Livre e os dois deputados independentes do movimento político Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).
Bolsonaro volta atrás e assina
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, assinou ontem 8 de março, Dia Internacional da Mulher, um decreto que fornece absorventes gratuitos para 3,6 milhões de mulheres, revertendo um veto que tinha feito cinco meses antes de um projeto de lei semelhante aprovado no congresso do Brasil.
A assinatura do decreto teve dois dias antes de uma votação no Congresso que pode derrubar o veto presidencial.
Em outubro, Bolsonaro enfrentou críticas generalizadas de oponentes e personalidades de todo o país por se recusar a combater a pobreza menstrual. Segundo o chefe de Estado brasileiro, o projeto não tinha fonte de financiamento definida, o que os autores da proposta negaram
Enquanto o projeto visava mais de cinco milhões de beneficiárias, o decreto planeia fornecer absorventes higiénicos para 3,6 milhões de mulheres e meninas, inclusive em escolas, com um orçamento de 130 milhões de reais (23,5 milhões de euros).
De acordo com a filial brasileira da Girl Up, uma organização não-governamental fundada pela Organização das Nações Unidas em 2010, uma em cada quatro adolescentes no Brasil falta à escola vários dias por não ter dinheiro para comprar absorvente e “ter sua menstruação com dignidade.”
Durante seu discurso em Brasília, Bolsonaro, disse esperar que “as mulheres continuem participando cada vez mais do futuro da nação”. “Se dependêssemos das mulheres, não haveria guerra no mundo”, acrescentou.
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