A ideia de que os políticos são desonestos não é nova. Na realidade, existe quase uma expectativa de que os mesmos irão mentir e dizer falsidades. Mas a pergunta mais pertinente na atualidade do nosso país é: porque é que as figuras políticas conseguem escapar impunes quando mentem e distorcem a verdade?

De acordo com um estudo recente, quando a mentira serve um objetivo moral partilhado, a mesma é mais facilmente aceite. Por outras palavras, se for apoiante de um determinado político tenderá a aceitar as suas mentiras, pois considera que as mesmas são um meio para atingir um fim. Platão argumentou que quando o bem público exige que um líder minta, os cidadãos devem ser gratos pelos estratagemas dos mesmos.

Ora, isso sugere algo preocupante a respeito das próximas eleições legislativas. Seremos capazes de aceitar mais um mandato de mentiras e manipulações de “verdades” apenas para cumprir um fim?

Para a maioria de nós, mentir exige energia. O ato de mentir aumenta o batimento cardíaco e a frequência respiratória, cria stresse e ansiedade, ou seja, para a maioria de nós mentir é desconfortável. Assim, como podem alguns mentir com tanta frequência e de forma tão leviana?

Existem alguns distúrbios de personalidade, como o narcisismo ou psicopatia, em que o indivíduo se convence que está a dizer a verdade. O hábito da mentira está de tal forma enraizado que não tem impactos fisiológicos negativos. Será que Pedro Nuno Santos não se recorda mesmo do que faz e diz? Ou será que se convenceu disso?

Existem casos em que os indivíduos sentem uma descarga de dopamina quando escapam impunes da mentira. Nestes casos, as pessoas podem ficar viciadas na mentira, pois ela origina uma sensação de prazer e de recompensa. Será que Pedro Nuno Santos (PNS) sente satisfação quando nos “engana”?

Será que para ser político é fundamental conseguir conviver com a falsidade de forma recorrente? Michael Walzer, especialista político, afirma que ninguém tem sucesso na política sem sujar as mãos. Nesse caso, fica claro o sucesso de PNS. Há anos que ele suja as mãos para garantir a sua agenda política pessoal.

Para mim, um líder precisa de ganhar e manter a confiança dos cidadãos. Logo, quando mente, abusa dessa confiança. Mentir a um país inteiro é o auge do desrespeito. Julgo que ninguém gosta de se sentir enganado e manipulado. Não existem mentiras úteis, em particular quando dizem respeito ao dinheiro e goodwill dos contribuintes.

Deveríamos ser mais exigentes com os nossos líderes políticos, a começar pela exigência da verdade e da transparência. Na esperança de que nas próximas eleições demonstremos, coletivamente, que o povo português não aceitará mais mentiras, fraude e manipulações dos seus governantes, até porque, citando Aristóteles, “Que vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados quando dizem a verdade”.