Uma Revolução Industrial está ligada a uma evolução tecnológica, mas essa evolução gera disrupções nos modelos de negócio e na maneira como se produz, se consome e se vive, tendo assim profundos impactos na sociedade.
Há, pois, numa Revolução Industrial três dimensões: a tecnológica, a empresarial e a societal.
A Primeira Revolução Industrial ocorreu no Reino Unido, então a grande potência mundial, e foi precedida por uma Revolução Agrícola com um grande aumento da produtividade nos campos, o que libertou mão de obra para a descolagem industrial da Inglaterra. Começou a migração maciça de pessoas do setor primário para o setor industrial. A tecnologia foi a máquina a vapor e o carvão foi a base energética que alimentou a máquina a vapor.
Na Segunda Revolução Industrial, a eletromecânica substituiu a máquina a vapor e o petróleo desalojou o carvão. O automóvel e o avião permitiram a urbanização acelerada e um novo modo de vida propiciado pelo desenvolvimento desses meios de transporte. Os EUA, na costa atlântica, substituíram o Reino Unido como potência liderante.
A Terceira Revolução Industrial, possibilitada pelo avanço da eletrónica, que substituiu a eletromecânica e permitiu que os sistemas analógicos fossem ultrapassados pelos sistemas digitais, ainda ocorreu nos EUA, mas na costa asiática, em parceria com o Japão. Já se pressentia aqui a emergência económica da Ásia. As tecnologias de informação começaram a mudar a maneira como se produzia, se trabalhava e se comunicava. O petróleo ainda mantinha a importância, mas já havia a emergência do gás natural.
Na Quarta Revolução Industrial numa economia crescentemente globalizada e num mundo multipolar, apareceram novas potências emergentes como a China e a Índia, que vão repartir liderança tecnológica, económica e industrial com os EUA, a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul. Temos a emergência das novas tecnologias energéticas centradas nas energias eólica e solar, que, do ponto de vista tecnológico, é muito mais do que a digitalização, a qual já vinha da Terceira Revolução Industrial.
A convergência entre o mundo físico, as tecnologias digitais, os sistemas biológicos e as ciências da vida deu então origem, do ponto de vista tecnológico, à Quarta Revolução Industrial, a qual provoca, de novo, mudanças na maneira como se produz e consome, e como as empresas interagem com os clientes, nomeadamente:
– Mudanças do modelo de produção e da organização empresarial: produção personalizada em pequenas séries; máquinas a comunicarem e a fornecerem dados de produção; desenho e fabrico no mesmo processo; cadeias de valor multidimensionais em vez de especialização; redes inteligentes conectando equipamentos com equipamentos e equipamentos com pessoas; monitorização da produção ao longo de toda a cadeia de valor; manutenção preditiva com sensores, passando do controlo estatístico ao controlo em tempo real; e
– Mudanças do modelo de marketing e da relação com o cliente: alteração dos canais de distribuição (multicanais e omnicanais); resposta às necessidades dos clientes recorrendo ao Big Data; hiperconectividade do cliente através de uma interconexão digital cada vez maior entre as pessoas e as coisas; e soluções digitais de resposta à personalização com o cliente.
O que determina a Quarta Revolução Industrial não é a digitalização, mas sim a inteligência disruptiva que altera os modelos de relação com o cliente e de negócio.