Um dos aspetos relevantes da tecnologia blockchain é a capacidade de gerar registos eletrónicos únicos, imutáveis e verificáveis. Apesar de uma das promessas da bitcoin ser a sua fungibilidade, a tecnologia que a sustenta alicerça-se no contrário: cada bloco e a informação que contém é única, irrepetível, resistente à falsificação e com a curiosa funcionalidade de ser verificável por qualquer um.

Numa blockchain é possível criar tokens. A ‘tokenização’ é a substituição de dados confidenciais por um equivalente não confidencial, denominado token, que não possui significado ou valor extrínseco ou explorável [Wex – Tokenization 101]. Mas é possível fazer a ligação entre um ativo criptografado e um determinado direito sobre algo. E transacioná-lo!

Esta funcionalidade das blockchain implica que, mais tarde ou mais cedo, assistiremos à tokenização de tudo, com aplicações nos serviços financeiros, na propriedade e em processos de decisão.

Os tokens podem representar a propriedade de coisas, empresas ou projetos, extrapolando e melhorando o conceito de ações ou outros títulos de propriedade. E será possível verificar transações financeiras ou controlar royalties, jogos ou cadeias logísticas.

As últimas semanas têm sido férteis em aplicações. Os Kings of Leon foram a primeira banda a lançar um álbum com tokens não fungíveis (NFT) e quem os comprar terá acesso a edições limitadas em vinil e os melhores lugares em futuros concertos. Enquanto escrevo, está a realizar-se um leilão na Christie’s de uma colagem eletrónica do artista Beeple e têm sido frequentes as vendas de vídeos relacionados com a NBA certificados como únicos por esta tecnologia e, por isso, colecionáveis. Jack Dorsey, CEO do Twitter, vai vender o seu primeiro tweet como NFT e já há ofertas acima de dois milhões de dólares.