Esta semana foi divulgado um relatório da McKinsey com números verdadeiramente assustadores e que obrigam a uma definição rápida da forma como poderemos contrariar as estimativas apresentadas nesse documento. De acordo com a consultora, e considerando os efeitos diretos e indiretos na Economia, o nosso país poderá perder até 60.000 milhões de euros do PIB entre 2020 e 2023 na sequência da diminuição do Turismo, sendo que no pico da crise o setor poderá provocar até 600 mil desempregados, vários deles não passíveis de virem a ser reintegrados no futuro.
É verdade que Portugal não está sozinho neste cenário. Um comunicado divulgado ainda esta semana pelo World Travel & Tourism Council salientou que, depois da Ásia, foi a Europa a região que mais sofreu com a pandemia no que diz respeito ao setor, tendo caído 51,4% (987 BN) em grande parte devido às recorrentes restrições de mobilidade. O mesmo comunicado refere que a despesa interna na Europa diminuiu 48,4% e o emprego em viagens e turismo sofreu um impacto em todo o continente, tendo caído 9,3%, o que equivale a uma perda dramática de 3,6 milhões de empregos. No entanto, mesmo não estando sozinhos é sabido que temos uma Economia muito mais dependente do Turismo do que outros países em termos do PIB.
No futuro próximo, tal como refere o já mencionado relatório da McKinsey, o turismo de eventos – que integra os segmentos de incentivos, conferências e reuniões – e as viagens de grupo como as dos cruzeiros, serão profundamente afetados pela pandemia e aqueles que demorarão mais tempo a recuperar. Por oposição ao turismo de segunda habitação, ao ecoturismo e ao turismo religioso, desportivo e cultural, que deverão regressar mais rapidamente aos níveis pré-pandémicos.
A consultora salienta igualmente que a crise no turismo irá afetar seriamente outros setores da economia portuguesa dependentes da circulação de pessoas para as suas atividades de negócio, tais como os centros comerciais, a restauração e o retalho.
Avisando que o turismo doméstico em Portugal poderá não regressar aos níveis pré-pandemia até 2023, e que o mesmo acontecerá com o turismo internacional – cerca de quatro vezes maior do que o doméstico – até 2024, que caminhos propõem os especialistas da McKinsey? Em primeiro lugar, o aumento da competitividade das empresas através da digitalização e depois modelos de colaboração dentro do setor, na criação de “um novo paradigma” para o turismo. Algo que, convenhamos, é demasiado vago para poder ser uma tábua de salvação concreta no curto prazo.
Já mais concreta é a conclusão de que a atratividade dos principais destinos, a disponibilidade de capacidade aérea, a capacidade e qualidade dos cuidados de saúde, o peso das viagens de negócios e a importância da sustentabilidade são os cinco fatores-chave que farão a diferença para a velocidade da recuperação. Aqui, e uma vez mais, vemos como a Saúde e o Turismo estão e estarão cada vez mais interligados. Sem esta visão, transversal e abrangente, muito difícil será uma solução.
Importante o alerta da chefe do Fundo Monetário Internacional chamando a atenção para a perigosa assimetria que se está a verificar, com os países em desenvolvimento a ficarem para trás devido aos baixos níveis de vacinação. Num apelo às nações que compõem o G20, Kristalina Georgieva assinalou e bem que é preciso agir-se com mais força para colmatar esta diferença.
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