Aceleração do crescimento da economia, crescimento robusto das exportações, criação de emprego líquido, forte crescimento do investimento – sobretudo privado, descida das taxas de juro dos títulos de dívida pública, reflectida na diminuição da despesa com juros e que, a par com o crescimento da economia, explica grande parte da redução do défice do OE em 2017, e o saldo positivo da conta da Segurança Social.

Estes bons números de 2017 foram, sabemo-lo, fruto de uma dinâmica conjuntural favorável e factores que dificilmente se repetirão nos próximos anos. A questão que importa é pois se estamos perante um novo ciclo sustentável.

O cenário macro formulado para 2018 é já de alguma desaceleração que dificilmente deixará de se manter em anos seguintes. Não podemos perder a noção de que a economia portuguesa continua frágil e que numa trajectória de médio prazo são muitos os motivos de preocupação. Nomeadamente, o valor muito elevado da dívida pública e uma, sempre possível, inflexão no curto prazo da conjuntura internacional, bem como o contributo negativo da procura externa líquida em volume com o saldo da balança de bens a ser fortemente negativo.

Por último, a insuficiente dinâmica “reformadora” por parte do Governo, que períodos pré-eleitorais tenderão a reforçar, e a incerteza quanto ao impacto do “Portugal 2020” numa perspectiva estruturante e de médio prazo e que os números de execução conhecidos não permitem atenuar.