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Absorção do Credit Suisse reacende caça aos talentos

Depois de anos em que os bancos do país acordaram entre si não entrarem na guerra dos talentos, a operação de concentração vai fazer regressar a ‘dança das cadeiras’. E não é apenas entre os operadores nacionais.
23 Março 2023, 13h27

O resgate de emergência da UBS ao banco Credit Suisse veio estancar um acordo ‘parassocial’ que estava em vigor entre as várias instituições financeiras – que entre si tinham acordado não entrarem em concorrência excessiva pela contratação de talentos. No passado, esta concorrência elevara os salários das equipas de topo a níveis estratosféricos – talvez António Horta Osório, antigo chairman do Credit, tenha sido um deles.

Mas agora, com a absorção do Credit Suisse pelo concorrente UBS, esse ‘acordo de cavalheiros’ – com certeza pouco apreciado pelos especialistas em trânsito entre instituições – foi quebrado. Ou, pelo menos, suspenso, segundo avança alguma comunicação social.

Os grandes bancos que haviam congelado as contratações desfizeram a sua própria regra e estão a tentar capturar talentos presos na turbulência da fusão, revela o jornal “El Economista”. Bancos de Wall Street e rivais europeus veem novas possibilidades após o nascimento do novo gigante da gestão de fortunas que resultará de uma fusão do Credit Suisse e do UBS.

A operação acabará com muitas centenas de empregos, mas isso é sempre uma oportunidade para os que mais se destacam. O apelo para tentar atrair os melhores e até mesmo as melhores equipas não deverá ser, nesta fase, impedido por qualquer acordo anterior.

Segundo aquela publicação, o Deutsche Bank, o Citigroup ou a JP Morgan Chase estão a preparar-se para contratar alguns dos especialistas de investimento e gestores de património da instituição suíça. As negociações, avançadas pela Bloomberg, estão a começar a ocorrer em Nova Iorque e em Londres. Ao mesmo tempo, algumas empresas de ‘headhunting’ já estão acantonadas em Zurique para realizar reuniões – na tentativa de perceberem que tipo de talento é, por um lado, preciso e, por outro, o que está disponível.

Até há algumas semanas, o mercado de talentos estava enterrado sob planos de cortes de emprego e desaceleração nas contratações, mas as possibilidades foram reabertas entre os 50 mil funcionários que o banco suíço tem na equipa. E isso apesar do fato de que, nos últimos dois anos, muitos dos pesos pesados do Credit Suisse terem fugido, face a uma crise de credibilidade que vem de trás.

Uma das preocupações das autoridades suíças após o resgate foi o previsível ajuste maciço do emprego: a liderança da UBS não quis especificar o número de demissões que a fusão implica, embora reconheça que “será importante”. O presidente-executivo da UBS, Ralph Hamers, disse, citado por vários jornais, que uma parte importante da redução dos custos da operação bancária do Credit será conseguida com a revisão da contratação de pessoal. A Reuters deu um passo adiante e afirmou que oito mil empregos estão em risco.

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