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Acelerador da Mini quer levar startups portuguesas a Nova Iorque

Fomos à boleia de inspiração pelas ruas de Lisboa, do Now Beato até ao Vodafone Power Lab. Nesta viagem, encontrámos empreendedores curiosos com as oportunidades e startups em ascensão. Sarah Schappert, do acelerador Urban-X, veio do Estados Unidos para tentar aliciar os empresários nacionais a candidatarem-se ao apoio da empresa do grupo BMW. Ao Jornal Económico, disse que a transformação de uma cidade nem sempre implica tecnologia.
28 Novembro 2018, 07h30

Chama-se Urban-X, mora em Brooklyn e tem cerca de 23.000 metros quadrados de boa vontade para ajudar empresas em early stage. Os 2.000 profissionais que a compõem já apoiaram até ao momento 32 startups (as designadas “Cohorts”). Nas melhores ideias de negócio a empresa está disponível para investir 100 mil dólares (cerca 88 mil euros) e ter 1-10% de participação no seu capital. Startups portuguesas? Nem vê-las. O programa de aceleração da Mini nunca recebeu uma inscrição de empreendedores nacionais e, como tal, voou até Lisboa, Porto, Coimbra e Braga para as tentar conquistar com o seu leque de investidores, mentores, clientes e parceiros.

“O nosso acelerador está a funcionar há dois anos e meio e gostamos de ter startups de todo o mundo, uma vez que todas as cidades têm os seus próprios problemas. Não queremos só resolver problemas de Nova Iorque. Queremos resolver das cidades o mundo inteiro, França, Alemanha… E não há nenhuma startup portuguesa até agora, portanto… Vamos ver se é este ano”, disse Sarah Schappert, responsável de Marketing da Urban-X, ao Jornal Económico.

Sarah Schappert trabalha em Nova Iorque, uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, mas nasceu e cresceu num pequena vila nos arredores de Munique, a sonhar com o dia em que iria fazer as malas e rumar a uma grande metrópole. “Sempre quis viver na cidade. Fui para Munique e acabei a trabalhar nos Estados Unidos, em Itália, aqui… Achei sempre que as cidades eram a coisa mais fascinante do mundo. Quando vivemos nela é que nos apercebemos dos seus problemas e o espaço que ainda há para as tornar melhores. No entanto, para isso, são precisas as pessoas que moram lá e veem os problemas, as startups que ajudam a criar soluções”, afirma.

A jovem empresária alemã acredita que transformar (ainda) mais uma cidade “nem sempre tem de ser por via da tecnologia”. A seu ver, o design tem um voto importante na matéria, porque é algo que está “sempre em torno da pessoa”, pensado para ela e destinado a tornar os produtos e os espaços mais eficientes.

“Temos várias categorias para as quais estamos a olhar, como mobilidade, infraestruturas, ambiente, saúde… Somos bastante abertos nas áreas em que se podem candidatar e nos países. Acho que é importante para as startups terem a possibilidade de ter apoio 24 horas durante sete dias por semana tanto de mentoring como de networking”, refere. Abertos o suficiente para instalar um espaço em Portugal? – Perguntámos a Sarah. “Isso ainda não está nos planos”, respondeu.

João Gonzaga, Mini Brand Manager do grupo BMW, confirma ao jornal que essa aposta não está nos planos. A Urban-X veio a Portugal apenas apresentar-se e lembrar às startups que têm até ao próximo mês de março para se candidatarem. “O seu alargamento a outras cidades que não Nova Iorque pode vir a ser uma realidade mas Lisboa não está nesse mapa, para já”, assinalou.

“Há empreendedores em todo o lado e o ecossistema está a crescer muito, especialmente em Espanha e em Portugal, onde estão muitas coisas a acontecer. A última vez que estive em Lisboa foi há três anos e tanto mudou. Portugal está mais dinâmico.” – Sarah Schappert 

“Para a Mini Portugal, a escolha como um dos países a integrar esta tour europeia “não poderia fazer mais sentido. Portugal, neste momento, faz parte do cenário do empreendedorismo, com provas dadas ao nível de startups nacionais que já são referências internacionais.” – João Gonzaga

“Startups Tour”

Este ano, a Urban-X associou-se ao NewCo Portugal, um festival que começou nos Estados Unidos com a ideia de conhecer o interior das empresas mais inovadoras (“mission based companies”). “De de zero a cinco, a classificação média dos últimos anos em que estivemos em Portugal foi de 4.6. Isto tem corrido bem por causa de vocês”, assegurou Diogo Silva, da iMatch, a quem coube apresentação do evento e o pedido de “uma grande salva de palmas” (ou seja: “gritos, berros, loucura na sala”) – que funcionou­ e pôs a chave na ignição de um dia de “startups tours”.

À porta do Hub Criativo do Beato, dezenas de automóveis Mini saíam da garagem. Entrámos num deles com Jesper Andersen, o empresário que trouxe o movimento para Portugal. Percorremos Lisboa até chegar perto da Avenida das Forças Armadas, onde se encontra o Vodafone Power Lab. Naquela paragem conhecemos empresas como a Hotelvoy – um compador de preços de unidades hoteleiras que conta com 1,7 milhões de hotéis – e a MyPolis, o “Tinder da participação cívica” – uma plataforma mobile cujas principais funcionalidades são a capacidade de referendar propostas políticas, mensagens entre cidadãos e políticos e a criação de um perfil de cidadania. O porta-voz do programa de inovação da Vodafone adiantou que a ‘telecom’ e a Ericsson receberam 230 candidaturas ao Big Smart Cities. Os finalistas saberão o veredicto no próximo dia 12 de dezembro.

Acompanhe parte da viagem através das fotografias abaixo:

 

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