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Acionistas da central do Pego perderam direito ao ponto de injeção na rede, diz Governo

O ministro do Ambiente e da Ação Climática considera que os acionistas da central a carvão do Pego, em Abrantes, perderam o direito ao ponto de injeção à rede elétrica, que será atribuído por concurso público.
9 Junho 2021, 07h55

Em entrevista à agência Lusa, questionado sobre o desacordo em relação à conversão da central, que será desativada em novembro, Matos Fernandes disse que “a partir do momento em que os acionistas se separam, aquele ponto de ligação à rede é perdido e, portanto, nenhum dos acionistas tem direito sobre ele”.

“Os acionistas desagregaram-se e, portanto, não podemos deixar essa matéria para os acionistas”, afirmou, adiantando que já está a trabalhar com as autarquias “na procura de uma solução”.

“Já estamos em reuniões, nomeadamente com as autarquias. Sabemos o que queremos fazer, mas não queremos anunciar agora”, acrescentou.

O ministro com tutela da Energia explicou que “uma coisa é a central”, e essa matéria “é um problema” dos acionistas, mas “o grande ativo ali é o ponto de injeção [de eletricidade] à rede”, isto é, a capacidade de ligação entre um centro produtor e a rede que permite transportar a energia até ao consumidor final.

“Não é um qualquer ponto de injeção à rede, é um ponto de injeção na rede de enorme capacidade. E esse é vosso, meu, é de todos nós. E é o grande ativo que está aqui. A partir do momento em que os acionistas se desentenderam perderam o direito a esse ativo”, prosseguiu.

Referindo que o processo ainda está “numa fase inicial”, o governante garante que “o ponto de injeção à rede” não se vai perder. “O ativo que é público é o ponto de injeção na rede e esse posso garantir que não vamos perder. Se há bem que é escasso em Portugal são os pontos de injeção na rede”, declarou.

O plano passa por um concurso “absolutamente público e transparente”, a que os acionistas da central do Pego podem concorrer, mas que não estará limitado às duas partes.

Os dois acionistas da central a carvão do Pego, a TrustEnergy e a Endesa, estão em desacordo em relação ao futuro da estrutura, após a suspensão da atividade em 30 de novembro.

A TrustEnergy, acionista maioritária, quer reconverter a central num Centro Renovável de Produção de Energia Verde, projeto que, de forma faseada, implicará um investimento de 900 milhões de euros, considerando que “a melhor opção não será o desmantelamento da estrutura”.

O presidente executivo da TrustEnergy, José Grácio, explicou à Lusa, em meados de maio, que o projeto passa pela “eletricidade, hidrogénio e outros gases renováveis a partir de diversas fontes primárias de energia local, como a solar, eólica e resíduos florestais”, sendo que no curto prazo a aposta é na biomassa.

A Endesa, segunda maior acionista da central a carvão do Pego, discorda da decisão de uma reconversão baseada na biomassa (queima de resíduos florestais) e quer que o Governo lance novo concurso e propõe um projeto de 600 milhões de euros.

Em declarações à Lusa, em 28 de maio, Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, explicou que a empresa espanhola não se entendeu com o seu atual sócio na Tejo Energia, a TrustEnergy, e contrapõe com um investimento de 600 milhões de euros que “inclui a construção de uma central solar fotovoltaica de 650 megawatts (MW), o desenvolvimento de 100 megawatts (MW) de capacidade de armazenamento com baterias e a instalação de um eletrolisador com capacidade de produção de 1.500 toneladas/ano de hidrogénio verde”.

A central do Pego – a única central a carvão atualmente em atividade em Portugal – é detida pela TrustEnergy, um consórcio constituído pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni, que detém 56% da central do Pego, e pela Endesa (com 44%).

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