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Acionistas da Pasogal destituem ex-CEO Paulo Leite do cargo de administrador, alegam justa causa

Segundo a Pasogal a conduta de Paulo Leite no processo do empréstimo e nos eventos que se lhe seguiram, “estão a ser objeto de uma rigorosa auditoria legal e o Conselho de Administração da Pasogal não afasta a hipótese de o vir a responsabilizar criminalmente por gestão danosa”.
  • Rafael Marchante/Reuters
10 Maio 2021, 17h08

A Assembleia Geral de acionistas da Groundforce deliberou, por unanimidade, a destituição por justa causa e com efeitos imediatos de Paulo Leite, que foi até há pouco o CEO da empresa, informou esta segunda-feira a empresa de handling.

A Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português.

“Esta deliberação fundamenta-se na prática de sucessivos atos de gestão que lesaram a empresa, bem como de notícias alimentadas pelo próprio e nunca desmentidas, que contribuíram para a deterioração do ambiente interno e da relação entre os seus acionistas”, afirmou a Pasogal, em comunicado.

“Ao CEO e à Comissão Executiva exigia-se o foco total na gestão do dossier do empréstimo bancário no valor de 30 milhões de Euros, com aval do Estado (através do Banco de Fomento), de que a empresa dependia para sobreviver”, adiantou, alegando que, pelo contrário, a atuação Paulo Leite foi pautada por “jogadas e intrigas políticas, por omissão de informação, por mentiras e por manobras pérfidas que tiveram como único objetivo a desestabilização da empresa, o prejuízo da imagem púbica e privada dos seus acionistas, para que, enfim, pudesse operar o tão noticiado ‘MBO’, que só a ele interessava e que pretendia afastar de cena o acionista que o tinha nomeado”.

Segundo a Pasogal a conduta de Paulo Leite no processo do empréstimo e nos eventos que se lhe seguiram, “estão a ser objeto de uma rigorosa auditoria legal e o Conselho de Administração da Pasogal não afasta a hipótese de o vir a responsabilizar criminalmente por gestão danosa”, designadamente “pela utilização e divulgação a terceiros de informação sigilosa da empresa e dos seus acionistas, obtida no âmbito das suas funções de Administrador. A conduta desleal e irresponsável do Paulo Leite colocou em risco todo o trabalho que foi desenvolvido na empresa desde a sua reprivatização, em 2012, e destruiu muito do valor criado pelos trabalhadores e diretores da empresa”.

Ex-CEO: “Não hesitei um segundo”

Este domingo, Paulo Leite enviara uma carta aos trabalhadores, na qual recordou que a empresa viveu “uma situação única que nos levou ao limite da nossa resistência, das nossas forças, da nossa capacidade de acreditar e da nossa capacidade de nos reinventarmos”.

Essa situação, adiantou, forçou-o a tomar uma decisão dura.  “No dia 19 de março não tinha qualquer dúvida: tinha que salvar a empresa, proteger o bem dos acionistas e, acima de tudo, resolver a angústia de 2400 trabalhadores, alguns dos quais com gravíssimos problemas em sustentar as suas crianças e cumprir com as suas obrigações” .

“De forma alguma poderia ficar bem com a minha consciência se não procurasse todas as soluções possíveis. Chegados aquele dia tínhamos uma única solução e não hesitei um segundo”, sublinhou.

“Tomei essa decisão consciente de todas as consequências da mesma, poderia, antecipando e prevendo este dia, ter optado por me demitir para não entrar em conflito, mas essa decisão, embora mais confortável, faria com que não tivessem sido pagos os salários e tivéssemos, muito provavelmente, destruído a nossa empresa”, adiantou.

Casimiro põe participação à venda

Este sábado, Alfredo Casimiro colocou a totalidade da sua participação na Groundforce à venda: 50,1%.  Em comunicado, a Pasogal disse que mandatou o banco Nomura para assessorar o processo de venda.

O empresário, que ocupa os cargos de presidente executivo e presidente do conselho de administração da companhia, pede que seja dada “especial atenção” aos belgas da Aviapartner por terem a capacidade financeira para assegurar o futuro da empresa.

“Dei instruções para que seja dada especial atenção à Aviapartner, empresa belga que beneficiou recentemente de um relevante apoio económico e financeiro do Estado Belga, no âmbito das ajudas extraordinárias ao setor da aviação, com vista a minorar as consequências da crise pandémica”, disse.

 

 

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