[weglot_switcher]

Ações da Farfetch disparam 16%: “Os investidores não estão a olhar para os prejuízos”

Luís Teixeira, diretor da Farfetch Portugal, disse ao Jornal Económico que o EBITDA ajustado é o principal indicador a ter em conta nos resultados da empresa ligada à moda de luxo: “Mostra que estamos no caminho claro para aquilo que eles esperam: breakeven a esse nível em 2021”.
28 Fevereiro 2020, 16h44

A Farfetch acredita que o caminho para atingir a rentabilidade se mantém a bons passos, apesar da subida das perdas. Luís Teixeira, diretor da Farfetch Portugal, disse ao Jornal Económico (JE) que os prejuízos do ano passado se deveram ao investimento de 40 milhões de dólares em pagamentos em ações e aos 36 milhões de dólares de amortizações de ativos intangíveis pelas aquisições realizadas em 2019: Stadium Goods, New Guards e CuriosityChina.

“Os investidores não estão a olhar para os resultados líquidos e continuam a acreditar na Farfetch porque entregámos uma melhoria da margem EBITDA ajustada de 19% para 13,6% em 2019, que mostra que estamos no caminho claro para aquilo que eles esperam: breakeven ao nível do EBITDA em 2021”, assegurou ao JE o gestor da Farfetch.

A Farfetch anunciou esta quinta-feira à noite, após o fecho do mercado norte-americano, que os seus prejuízos aumentaram para 110,1 milhões de dólares (cerca de 100 milhões de euros) no quarto trimestre de 2019 e mais do que duplicam no acumulado do ano passado, para 373 milhões de dólares (aproximadamente 340 milhões de euros). Para o Chief Operations Officer (COO) da multinacional, os resultados líquidos não são uma preocupação nem merecem ter tanto eco, tendo em conta que o relatório e contas divulgado ontem foi “muito bom e superior ao consenso dos analistas”.

No último trimestre de 2019, a empresa teve um lucro por ação de 1,21 dólares e um EBITDA (resultado após juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado negativo em 17,9 milhões de dólares, sendo que o mercado antecipava -25 milhões de dólares. “Num negócio que está em híper-crescimento, como o nosso, e nos mercados onde estamos, o valor para onde interessa olhar é o EBITDA ajustado”, garante o responsável da Farfetch.

Em relação às despesas globais com tecnologia, Luís Teixeira adiantou que somaram 22,6 milhões de dólares no quarto trimestre e cerca de 84 milhões de euros no ano passado.

Já o desinvestimento em promoções levou a que as margens operacionais fossem superiores ao previsto. “Em termos das vendas, aquilo que verificámos é que, embora tivéssemos dado um guidance revisto em baixa para 30-35%, porque tomámos uma decisão de desinvestir em promoções, o efeito das medidas corretivas foi bastante superior ao esperado”, realçou o COO.

A tecnológica fundada em 2007 reportou mais de mil milhões de dólares (na ordem dos 912 milhões euros) de receitas em 2019, o que representa um aumento de 69% em relação ao ano anterior, enquanto o valor bruto de mercadorias ultrapassou os dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), mais 52% em termos homólogos. “Foi um trimestre acima do esperado e só com boas notícias: mais crescimento do que era esperado, mais margem e menos custos fixos, contribuindo para um EBIDTA ajustado fantástico. Estamos orgulhosos”, referiu ainda Luís Teixeira.

As ações do ‘unicórnio’ liderado por José Neves estão a disparar 16,10% na Bolsa de Nova Iorque, para 11,07 dólares.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.