Não podemos afirmar que a democracia é perfeita só quando ganham aqueles de quem gostamos. Também é democracia quando ganham aqueles de quem não gostamos.
Das eleições do passado dia 5 nos Estados Unidos resulta um alerta. A Europa que se cuide!
Um dos aspetos que sobressai destas eleições é que os republicanos ganharam tudo. A Presidência, o Senado e a Câmara de Representantes. De realçar ainda que os próximos dois elementos do Supremo Tribunal que vão sair serão substituídos por conservadores. Nos próximos 20 anos o ST dos EUA será conservador. Acabaram os checks and balances.
A Europa vai ter imensos problemas comerciais e vai ter de investir muito em defesa e para isso vai reduzir os orçamentos noutras áreas tais como a segurança social, a saúde e a educação entre outras. Terá, por outro lado, que investir sobretudo na tecnologia e na inovação.
Há muito que Trump defende que os EUA devem deixar de pagar os custos de defesa de outros países.
Em Portugal, assumimos um compromisso em 2014, que não cumprimos. O mínimo de 2% de investimento em Defesa, até 2024, não foi respeitado. Mas, depois, queixamo-nos dos EUA e do compromisso americano, quando supera, em larga escala, o esforço europeu e português. Tudo isto vai ter de mudar e assumirmos seriamente os nossos compromissos. A União Europeia terá de deixar de ser uma potência reguladora e passar a ser uma potência inovadora.
Trump, na campanha, focou-se nos dois temas que mais afetam os americanos: imigrantes e economia.
Mais uma vez o papel das redes sociais foi importante, diria até determinante, na construção de perceções que se sobrepõem à realidade. Temos, como exemplos, a criminalidade associada à imigração ilegal; o aumento do desemprego; a estagnação da economia.
A maior parte dos media e dos comentadores baseiam-se nas suas perceções e vivem em bolhas quase laboratoriais, não levando em conta os comuns eleitores e as suas prioridades.
No plano internacional, os pontos principais para Trump serão, seguramente, nacionalismo, unilateralismo e isolacionismo para cumprir a sua promessa de primeiro a América.
Manterá a sua adesão à NATO, mas exigirá que os Estados membros contribuam muito mais para o seu financiamento.
A guerra na Ucrânia e o conflito no médio oriente terão diferentes desenvolvimentos. Veremos com que condições.
Retirar-se-á eventualmente de qualquer acordo sobre as alterações climáticas.
Limitará ao mínimo o financiamento das agências da ONU e bloqueará qualquer política multilateral que fuja ao seu controlo.
Assistiremos a uma nova realidade na ordem mundial. Acorda Europa.