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Acordo UE-Reino Unido é passo estratégico para restaurar relações comerciais

É uma das conclusões de um estudo da Crédito y Caución sobre o impacto deste acordo, que, ainda assim e nesta fase inicial, possui mais valor simbólico do que económico.
3 Julho 2025, 16h43

Cinco anos após o Brexit, a União Europeia e o Reino Unido assinaram um acordo comercial que visa restaurar a relação entre os dois vizinhos europeus.

Este acordo representa um importante ponto de partida para futuras negociações, com o objetivo de aumentar a confiança das empresas e atrair novos investimentos para ambos os mercados.

Um estudo da Crédito y Caución analisa o impacto deste acordo, que, nesta fase inicial, possui mais valor simbólico do que económico.

O acordo promete progresso em várias áreas, especialmente nas exportações de animais e alimentos. A criação de uma Área Sanitária e Fitossanitária (SPS) pretende agilizar as operações e reduzir custos, minimizando os procedimentos administrativos e controles na maioria dos movimentos de animais, produtos de origem animal, plantas e produtos vegetais.

Esse desenvolvimento é significativo, considerando que as exportações de alimentos e bebidas do Reino Unido para a União Europeia atingiram 14 mil milhões de libras em 2023, o que equivale a aproximadamente 16,5 mil milhões de euros.

James Napier, analista sénior da Atradius, comentou que “um espaço SPS comum eliminaria completamente alguns controles de rotina sobre produtos de origem animal e vegetal e reduziria outros.” No entanto, o Reino Unido terá que cumprir as futuras normas alimentares da União Europeia.

Embora o acordo sobre medidas sanitárias e fitossanitárias tenha sido bem recebido pelos produtores de alimentos e supermercados do Reino Unido, o seu impacto económico global será limitado. As exportações de alimentos para a União Europeia representam apenas 4% do total das exportações britânicas de mercadorias e apenas 0,6% do PIB do Reino Unido.

Além dos setores alimentares, a aproximação entre os dois mercados é relevante na área da defesa, dado que o Reino Unido possui um setor altamente desenvolvido e uma capacidade significativa de fabrico de armamento. A Europa está a rearmar-se face à agressão russa, prevendo-se que as empresas britânicas sejam integradas nos planos de aquisição da União Europeia.

Embora os detalhes ainda não tenham sido finalizados, as empresas britânicas do setor de defesa poderão ter acesso ao Fundo Europeu de Ação de Segurança (SAFE), um fundo comum de 150.000 milhões de euros disponível para os Estados-membros.

Christian Bürger, editor-chefe da Atradius, afirmou, citado no estudo, que “ambos os lados reconheceram que fortalecer a defesa europeia contra a Rússia sem a participação britânica não seria sensato”.

Acrescentou ainda que “a construção de um sistema de segurança europeu credível requer não só mais dinheiro, mas também o envolvimento de uma das maiores potências militares da Europa Ocidental.”

 

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