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Administração do Metro de Lisboa vem a jogo defender a linha circular

Administração liderada por Vítor Domingues dos Santos assinala que o último estudo, de 2019, aponta para estimativas de aumento da procura de 14,9 milhões de passageiros anuais no primeiro ano de exploração da linha circular.
  • Rafael Marchante/Reuters
11 Fevereiro 2020, 19h13

A administração do Metropolitano de Lisboa (ML), liderada por Vítor Domingues dos Santos, emitiu há minutos um comunicado a defender a solução da rede circular, que na semana passada foi chumbada na Assembleia da República durante a discussão para o Orçamento do Estado 2020 e que está a gerar polémica crescente.

De acordo com esse comunicado, “a criação de uma linha circular no Metropolitano de Lisboa (ML) é a solução técnico-económica e ambiental mais favorável, permitindo uma maior utilização dos modos ferroviário e fluvial e a redução progressiva da utilização do transporte individual, promovendo a redução substancial de entrada de viaturas em Lisboa”.

Um estudo encomendado em 2017 pela administração do ML estimava que o acréscimo de procura estimada, para o primeiro ano completo da linha circular, após entrada em exploração, seria de 8,9 milhões de passageiros/ano.

“Estudos mais recentes efetuados em 2019 pela empresa Optimal Investments, no âmbito da realização do Estudo de Viabilidade Económica do prolongamento Rato/Cais do Sodré, atualizaram os valores de 2017, para o primeiro ano de exploração completa, para 14,9 milhões de passageiros (variação de 67,4%), tendo presente, entre outros, o crescimento do movimento de turistas em Lisboa”, revela o mesmo comunicado.

A empresa pública de transportes esclarece ainda que “sempre tornou público os estudos efetuados para a expansão da sua rede, bem como participou, ao longo dos últimos anos, em inúmeros debates e sessões de esclarecimentos públicos sobre essa matéria, designadamente na Ordem dos Engenheiros, na Assembleia Municipal de Lisboa e em Juntas de Freguesia envolvidas”.

“O plano de expansão da rede do Metropolitano de Lisboa, atualmente em vigor, foi aprovado pela secretária de Estado dos Transportes em 11 de setembro de 2009, com o título ‘Plano de Expansão da Rede do Metropolitano de Lisboa 2010-2020′”, recorda a administração do ML, assinalando que “ainda em 2009, com o objetivo de se definir quais os prolongamentos de rede prioritários, considerados no âmbito daquele plano de expansão, foi desenvolvido o estudo ‘Definição de uma hierarquia de prioridades de execução dos prolongamentos previstos no Plano de Expansão da Rede do Metropolitano de Lisboa’, pela empresa TRENMO”.

“Nas conclusões deste estudo apontava-se como claramente prioritário o prolongamento da linha Amarela entre o Rato e o Cais do Sodré, sob a forma de um anel envolvente da zona central da cidade de Lisboa, face aos restantes prolongamentos propostos, nomeadamente o de S. Sebastião / Campo de Ourique”, defende o ML.

Prosseguindo no trajeto histórico percorrido para este empreendimento, o comunicado em análise destaca que, “em março de 2017, foi realizado pelo Metropolitano de Lisboa o estudo ‘Plano de Expansão do Metropolitano de Lisboa – Ligação das Linhas Verde e Amarela Rato – Cais do Sodré – Estudo de Viabilidade, Memória Descritiva e Justificativa'”.

Já em dezembro de 2017, “foi realizado o estudo externo pela VTM para ‘Previsões de tráfego para duas alternativas de prolongamento da Rede ML em três cenários macroeconómicos’, sendo que as duas alternativas, então consideradas, constituíam dois investimentos da mesma ordem de grandeza em termos financeiros”.

“Os estudos realizados e acima indicados apontaram como prioritário o prolongamento da Linha Amarela entre o Rato e o Cais do Sodré, sob a forma de um anel envolvente da zona central da cidade de Lisboa, face aos restantes prolongamentos propostos, nomeadamente S. Sebastião/Campo de Ourique, concluindo-se, no âmbito do prolongamento Rato/Cais do Sodré, como sendo a opção em linha circular a economicamente mais viável”, garante a administração.

O mesmo comunicado acrescenta que, “considerando o Metropolitano de Lisboa a importância de atualizar a informação, quer ao nível das necessidades de mobilidade, quer da evolução ocorrida nos aspetos sociais e de desenvolvimento urbano do território, o estudo acima referido ‘Previsões de tráfego para duas alternativas de prolongamento da Rede ML em três cenários macroeconómicos’ foi realizado para as duas alternativas de prolongamento da rede estudadas a saber: Rato/Cais do Sodré e S. Sebastião/Campo de Ourique”, explicando que para o prolongamento Rato/Cais do Sodré, estudaram-se duas hipóteses de traçado/operação: a possibilidade de operar como linha circular e a possibilidade de operar com duas linhas independentes”.

“Paralelamente, os estudos de análise de viabilidade financeira e económica e a matriz comparativa entre o prolongamento da linha Amarela Rato/Cais do Sodré e o prolongamento da linha Vermelha São Sebastião/Campo de Ourique, também realizados, concluíram pela prioridade da expansão Rato/Cais do Sodré e, nesta opção, as conclusões do estudo consubstanciaram os melhores resultados de tráfego para o prolongamento da linha Amarela entre o Rato e o Cais do Sodré, através da opção de uma linha circular (…)”.

A administração do ML sublinha ainda que recebeu, em novembro de 2018, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) favorável, condicionada ao cumprimento dos termos e condições impostas no documento, para o Projeto ‘Prolongamento entre a Estação Rato e a Estação Cais do Sodré, incluindo as Novas Ligações nos Viadutos do Campo Grande’, criando uma linha circular no coração da cidade de Lisboa.

“Cumpre, assim, ao Metropolitano de Lisboa esclarecer que as vantagens do prolongamento Rato/Cais do Sodré pela linha circular que resultam das conclusões dos estudos de viabilidade realizados, são diversas, designadamente: servir áreas consolidadas da cidade de Lisboa anteriormente não cobertas pelo serviço do Metro de Lisboa; reforçar, de uma forma expressiva e na área de influência das novas estações, a oferta dos atuais e potenciais utilizadores de transporte coletivo que se deslocam entre Lisboa e Cascais/Oeiras, na margem norte da AML [Área Metropolitana de Lisboa], e entre Lisboa e Montijo/Seixal/Almada, por estes concelhos disporem de ligações diretas ao Cais do Sodré, ferroviárias e fluviais, respetivamente”, prossegue o referido comunicado.

“Este reforço de oferta é materializado pelas novas ligações que proporciona e pela melhoria de algumas das ligações que já proporcionava”, garantem os responsáveis do ML, justificando que a linha circular irá “proporcionar um acréscimo de passageiros, não só nas novas estações, como na totalidade da rede do Metro, sendo que se prevê que o acréscimo de passageiros na rede seja superior ao somatório do movimento de passageiros nas novas estações, isto porque haverá clientes que, mesmo não utilizando as duas novas estações, passarão a usar essa nova linha pelo facto de deixar de fazer transbordos de linhas, como é, presentemente o caso da estação Marquês de Pombal (linha Amarela) e Cais do Sodré (linha Verde)”.

Aumentar a utilização dos transportes públicos, nos modos ferroviário e fluvial da área metropolitana de Lisboa, através da captação de pessoas que atualmente utilizam o transporte individual; reduzir o número de viaturas de transporte individual entradas em Lisboa; e reduzir os níveis de emissões poluentes e do espaço ocupado na via pública pelo transporte individual são os outros objetivos que a administração do ML considera que serão conseguido com a linha circular, sem esquecer que “as estimativas de benefícios socioeconómicos esperados com a implementação de cada um dos projetos, estudados em alternativa, também destacam a prioridade de execução do prolongamento Rato/Cais do Sodré, face a S. Sebastião/Campo de Ourique”.

“O Metropolitano de Lisboa reafirma o seu empenho e esforço no sentido de promover a mobilidade sustentável, constituindo-se como uma solução estruturante para a mobilidade em Lisboa, seguindo os melhores padrões de qualidade, segurança e eficácia económica, social e ambiental, através da aposta em novas formas de fidelização e de captação de novos clientes”, conclui o comunicado do ML.

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