A Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil organizou um evento em que promoveu a adoção de crianças e adolescentes, dos quatro aos 17 anos, em que estes desfilam numa ‘passerelle’. O evento gerou enorme polémica no Brasil e, através das redes sociais, tem-se vindo a alastrar a indignação.
Guilherme Boulos, candidato às últimas presidenciais brasileiras, considerou a iniciativa uma “perversidade inacreditável” sendo que terá “efeitos devastadores” para as crianças em questão. Outras reações falaram no tráfico de crianças e chegaram a comparar o desfile das crianças ao de animais domésticos.
A "passarela da adoção", em Cuiabá, expondo crianças de 4 a 17 anos para a escolha dos pretendentes pais é de uma perversidade inacreditável. Os efeitos psicológicos da exposição, expectativa e frustração dessas crianças pode ser devastador, ainda que a intenção tenha sido outra.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) May 22, 2019
A presidente da Comissão que organizou o projeto já rejeitou as críticas. Segundo a mesma, “é uma noite para os pretendentes poderem conhecer as crianças, a população em geral ter mais informações sobre a adoção e as crianças terem um dia diferente”.
De acordo com a responsável, esta é a terceira edição do evento e a primeira em que existe repercussão negativa, uma vez que estão a promover a adoção.
Um advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil disse à agência Lusa que o facto de a ordem se ter associado ao evento era lamentável. “Não há como deixar de se indignar com o evento ‘Adoção na Passarela’. Por mais nobre que fosse a intenção, é lamentável que as crianças sejam vistas como um objeto”, afirmou.
“A lei da adoção brasileira procura pais para uma criança e não o contrário”, continuou enquanto acrescentou que “uma criança jamais pode ser vista ou tratada como um objeto, como se a cor dos olhos, da pele ou do cabelo definissem a escolha dos pretendentes à adoção”.
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