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Adrián Caldart: “Formação deve permitir ao executivo abrir a mente a novas perspetivas”

O professor da portuguesa AESE e da espanhola IESE, primeira escola do mundo em formação costumizada, defende maior proximidade das escolas de negócios à realidade empresarial como trampolim para a inovação.
18 Maio 2019, 15h00

Adrián Caldart é professor de ‘Strategic Management’ da espanhola IESE Business School, primeira escola de formação de executivos do mundo em programas customizados durante quatro anos consecutivos (2015-2018), segundo o prestigiado ranking do “Financial Times” (FT). Argentino de nascimento, especialista em gestão estratégica e internacionalização, com ligação às empresas e vasta experiência de ensino em países da América Latina, é igualmente professor de Política de Empresa na portuguesa AESE Business School.

Uma empresa deve investir na formação dos seus executivos?

Julgo que os investimentos em formação executiva são sempre relevantes. Em particular, aqueles que permitem aos executivos entrar em contacto com temas, metodologias e experiências além das que vivem no seu dia a dia. Deste modo, estes conseguem adquirir um nível de perspectiva e abertura mental que certamente enriquece a qualidade da gestão na empresas, tanto na vida interna desta como do ponto de vista do relacionamento com stakeholders externos.

Em que medida uma formação executiva pode ser um trampolim para uma gestão mais inovadora e eficaz?

Tudo depende do tipo de formação. É preciso que a empresa selecione escolas de negócio caracterizadas por estar muito perto dos problemas práticos, seja do ponto de vista das temáticas seja do ponto de vista da realidade empresarial do âmbito geográfico onde está inserida. Isto consegue-se com uma faculty que, através do estudo, investigação e ligação constante com executivos e empresas, está atualizada academicamente e consciente de como ligar a academia com os problemas dos empresários e os executivos que frequentam os programas de formação. No tema da inovação em particular, é importante uma dinâmica de aprendizagem tipo learning by doing, apoiada em projetos desenvolvidos pelos executivos com coaching do professor. Na AESE, fazemos exactamente isso na disciplina do MBA “Entrepreneurial Initiative”, que permitiu a muitos participantes desenvolver projetos que o tempo converteu em empresas inovadoras de sucesso. A plataforma Agrimarketplace, de grande sucesso a nível europeu, é um exemplo recente disto.

Que características deve um executivo procurar numa formação?

Seguindo na linha da pergunta anterior, o executivo deve, de modo geral, procurar uma escola com um nível académico state of the art ligado a uma abordagem prática dos problemas que o preocupam. A formação deve permitir ao executivo “abrir a mente” a novas perspetivas que lhe vão permitir enriquecer a sua performance atual e aspirar a novos desafios futuros. É também muito importante que uma formação aporte elementos que permitam ao executivo adquirir maturidade no seu desenvolvimento pessoal. Na AESE e no IESE, ficamos muito satisfeitos quando os executivos referem que os nossos programas tiveram um impacto “transformacional” nas suas vidas.

A empregabilidade de um indivíduo aumenta após fazer uma formação executiva?

Também este tema depende muito da formação escolhida. É muito importante que o executivo tenha claros os seus objetivos profissionais e desenvolva a sua estratégia consistente, na qual a formação será um elemento importante. Também é importante considerar que existem temas que em momentos particulares são muito procurados pelo mercado de trabalho e que representam opções de formação com maior empregabilidade. Por exemplo, temas como a transformação digital e a sustentabilidade despertam muito interesse. No entanto, é preciso ter cuidado na hora de escolher formação em temas de moda como estes, porque a oferta é muito abundante mas a qualidade é variável.

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