O advogado do ex-banqueiro Ricardo Salgado considera que as consequências do diagnóstico do cliente estão a ser “mal tratadas” pelo tribunal e que a presença do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) no Campus da Justiça era desnecessária devido à sua doença, até porque não tem consciência de que está num julgamento.
“Acho que se abriu uma página negra na justiça portuguesa, pelo menos, diante de todo o mundo, porque este não é um caso que interessa apenas a Portugal, afirmou Francisco Proença de Carvalho, referindo-se à necessidade de Ricardo Salgado, apesar de ter sido diagnosticado com Alzheimer, ter de deslocar-se ao tribunal. A dispensa, solicitada pela defesa, foi negada.
“O relatório médico, atual, é perfeitamente claro quanto à dependência do Dr. Ricardo Salgado para as tarefas mais básicas (higiene) e que a presença dele no tribunal seria irrelevante, porque não tem capacidade cognitiva para responder a questões complexas – e, como dizem os senhores jornalistas, este é o processo mais complexo da nossa história – e que a anterior sessão tinha tido efeitos negativos na evolução da doença”, explicou o responsável pela defesa do antigo presidente do BES.
Na opinião de Francisco Proença de Carvalho, para manter a dignidade da justiça, devia evitar-se esta situação. “Mesmo com essa informação, o tribunal entendeu que o Dr. Ricardo Salgado deveria estar aqui”, lamentou o advogado, ressalvando que Ricardo Salgado irá sair do tribunal da mesma forma como entrou: pela porta da frente e com o apoio da mulher e cuidadora, Maria João Bastos Salgado.
Ricardo Salgado foi identificado e irá de seguida para a sua casa. Pouco antes dessa saída, Francisco Proença Carvalho deixou ainda umas palavras sobre o caso: “O BES não foi uma associação criminosa. Isso é uma invenção processual. Foi um banco com presença em muitos países, que ajudou muitas PME e pessoas, criou empresas e trabalho… Mesmo entre os lesados, não é unânime. É fácil culpar uma só pessoa”.
O advogado de Ricardo Salgado admitiu que “certamente, houve erros” da gestão do BES e do próprio Ricardo Salgado, mas alertou também para os erros dos poderes públicos.
O julgamento do processo BES/GES começou esta manhã, no Juízo Central Criminal de Lisboa, 10 anos depois do colapso do Grupo Espírito Santo (GES). O caso tem mais de 300 crimes e 18 arguidos, incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado, que chegou ao Campus da Justiça por volta das 09h25, tendo sido confrontado por lesados do BES/GES.
Notícia atualizada às 11h01
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