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AEP defende digitalização, inovação e investimento como pilares essenciais para recuperação económica em Portugal

Segundo a proposta da associação, a estratégia passa por uma nova visão de futuro, que consiste em tornar Portugal “no país de referência na Europa” pelos seus níveis de inovação, de produtividade e de competitividade assente nos referidos pilares “economia digital”, “inovação” e “investimento”.
Stefano Rellandini/Reuters
16 Julho 2020, 20h28

A economia digital, a inovação e o investimento são fatores críticos de competitividade para alavancar e acelerar a fase de recuperação do crescimento económico em Portugal.

A conclusão vem no novo relatório da Associação Empresarial de Portugal (AEP), desenvolvido em parceria com a Deloitte, que tem como objetivo analisar a evolução da economia portuguesa até à crise da Covid-19 de modo a traçar uma nova estratégia de recuperação.

Segundo a proposta da associação, a estratégia passa por uma nova visão de futuro, que consiste em tornar Portugal “no país de referência na Europa pelos seus níveis de inovação, de produtividade e de competitividade assente nos referidos pilares “economia digital”, “inovação” e “investimento””.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, refere que no campo da economia digital existe uma “necessidade de assegurar uma maior convergência entre as qualificações dos colaboradores e as competências exigidas pelas empresas”.

Para além disso, o responsável refere ainda “a criação de incentivos para a requalificação da população ativa mais velha, para melhoria das suas competências digitais, assim como a implementação de um choque fiscal para empresas que apostem em tecnologia e na integração de profissionais com competências digitais”.

Quanto à inovação, o dirigente da AEP defende “um aumento nos apoios comunitários para a qualificação de recursos humanos e para projetos de tecnologia e inovação”, mas também medidas de incentivo à inovação com o intercâmbio entre o tecido empresarial e o sistema científico, “assim como a partilha de conhecimento com projetos doutorais conjuntos entre as empresas e a academia”.

Por fim, no campo do investimento, Luis Miguel Ribeiro, destaca que a AEP propõe “a dinamização de instrumentos públicos de financiamento, o reforço do regime de dedução por lucros distribuídos e reinvestidos, e também o reforço do investimento público na saúde, educação e transportes, com o apoio do quadro financeiro plurianual”.

“62% das empresas, considera que os programas de apoio do Estado estão aquém do necessário”

Esta proposta surge depois serem conhecidas as estimativas do impacto da Covid-19 no país tendo o Ministério das Finanças, Banco de Portugal, Conselho de Finanças Públicas e outros órgãos no setor estimado uma queda do PIB na ordem dos 9%.

Segundo as contas da AEP, o PIB português terá caído para -2,3% no primeiro trimestre. Neste período, as exportações terão caído -4,9% e as importações -2,1%, além do comércio interno, em -1,0%. Estas estimativas refletem-se na operação das empresas, com 73% a sofrerem uma redução no seu volume de negócios, 31% das quais com perdas superiores a 50%.

No que toca a recursos humanos, 17% das empresas reportaram a redução do número de funcionários a trabalhar, sendo que os principais motivos foram os dias de falta por doença ou para apoio à família (em 48% das empresas) e o recurso ao layoff (40% das empresas). O estudo mostra ainda que 26% das empresas despediram colaboradores ou pretendem despedir, 21% das empresas tenciona avançar com processos de recuperação e 6% vai avançar para insolvência. Os setores do alojamento e restauração, e transportes e armazenagem foram os mais afetados.

Perante o impacto causado pela pandemia, o Governo disponibilizou várias medidas de resposta à crise. Porém, de acordo com o relatório da AEP, uma grande parte das empresas evidenciam que não beneficiaram nem planeiam vir a beneficiar destas respostas.

Cerca de 62% das empresas, considera que os programas de apoio do Estado estão aquém do necessário e apenas 20% considera que estão à altura das dificuldades das empresas. No entanto, apesar de 82% defenderem o layoff, 65% não pediu, nem pensa vir a recorrer a este instrumento, enquanto um quarto afirma que já recorreu. Mais de metade das empresas defende ainda a prorrogação do diferimento do pagamento de contribuições fiscais e 75% defende o retorno do banco de horas individual.

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