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AEP LINK revela perspetiva de aumento de investimento para este ano

Indústria das máquinas e equipamento elétrico, tecnologia e telecomunicações e imobiliário são os setores que mais adeptos demonstram ter. Mas há vários problemas a ultrapassar.
16 Janeiro 2020, 07h47

A AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, através do seu projeto AEP LINK, realizou um diagnóstico ao perfil dos principais investidores portugueses e os resultados revelam que 70% dos entrevistados considera aumentar o investimento já durante este ano, “o que demonstra interesse para investir nas empresas portuguesas”, salienta a organização em comunicado.

“Pretendemos mapear os principais problemas e identificar possíveis soluções que levem ao aumento dos níveis de investimento de capital de risco em Portugal”, explica Paula Silvestre, diretora da AEP Competitividade. “Com o ecossistema de capital de risco mais dinâmico e mais robusto, as empresas portuguesas terão acesso a mais liquidez, experiência e contactos que poderão contribuir de forma assinalável para o crescimento mais acelerado do seu negócio e da economia portuguesa”.

O diagnóstico resulta de uma análise quantitativa, que apurou que, no total, os investidores inquiridos detêm 1.600 milhões de euros de fundos sob gestão, dos quais 400 milhões ainda estão disponíveis para investimento em empresas portuguesas.

Relativamente aos setores prioritários de investimento, os operadores de private equity afirmaram preferir a indústria das máquinas e equipamento elétrico; os operadores de venture capital e os business angels dão prioridade ao setor da tecnologia e telecomunicações; e os family offices escolhem o imobiliário.

Numa análise qualitativa, foi possível enumerar os principais constrangimentos indicados pelos investidores inquiridos: os vários obstáculos à obtenção de capital junto de outros fundos para investir, como as limitações impostas pelos fundos comunitários, a ausência de um fundo de fundos, o número reduzido de casos de sucesso, as dificuldades em coinvestir com as entidades públicas de investimento, e a demora da resposta nos processos de candidatura e no reembolso dos fundos comunitários.

Os investidores destacaram ainda “as dificuldades que enfrentam na realização de investimentos: os empresários demonstram pouca abertura para aceitar as mudanças propostas pelos investidores de private equity e venture capital; as PME resistem em abrir o capital social às private equity; a predominância de empresas com gestão familiar dificulta a intervenção dos investidores; a competitividade das taxas de juro da banca torna-se mais aliciante para as PME do que o investimento de capital de risco; a falta de experiência dos empreendedores leva à sobreavaliação do valor das startups; e os planos de negócio apresentados pelos empreendedores são mal estruturados e pouco detalhados. Outros obstáculos evidenciados neste diagnóstico que prejudicam o investimento do setor em Portugal é a morosidade na justiça e a instabilidade legal e fiscal, instalada no setor”.

Além do registo das principais dificuldades sentidas, os inquiridos apontaram algumas soluções para melhorar o investimento nas empresas portuguesas. Salientam-se “a promoção de acordos políticos alargados, que visem uma maior estabilidade na legislação, e o aumento da celeridade processual dos organismos responsáveis pelos processos judiciais. No âmbito fiscal, propõem a criação de um regime fiscal mais estável e favorável, evitando a dupla tributação, e no plano comunitário, defendem a otimização dos processos de atribuição de fundos comunitários, diminuindo o tempo de resposta e do reembolso dos fundos atribuídos. Os inquiridos ainda advogam o aumento da estabilidade da estrutura e da estratégia das entidades públicas de investimento, e a intervenção do Estado como investidor apenas na ocorrência de falhas de mercado”.

Por fim, os investidores respondentes salientam a necessidade de uma melhor preparação dos empreendedores para a abordagem aos investidores, através da introdução de cursos de empreendedorismo nos diversos ciclos de ensino, e até o fomento de informação disponível sobre o modo de atuação dos operadores de capital de risco. Consideram ainda que na atual conjuntura portuguesa, seria relevante a criação de um fundo de fundos e a intervenção do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social como investidor indireto de capital de risco.

Apesar da importância que o setor do investimento do capital de risco tem em Portugal, ainda apresenta valores muito inferiores ao contexto europeu, no que diz respeito o investimento com origem no país.

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