Arranca em meados de janeiro na AESE Business School, em Lisboa, um programa inovador em Portugal intitulado Gestão de Sociedades de Advogados. O programa concilia uma abordagem teórica dos modelos de gestão com a análise prática de casos de estudo e conta com apresentações de advogados das sociedades CCA Law Firm, CMS, CS’Associados, Linklaters, Miranda, Telles, Uría Menéndez e Vieira de Almeida (VdA).
“Iremos coordenar a visão teórica com uma abordagem prática, porque queremos que esta seja uma formação muito útil e que tenha, verdadeiramente, uma aplicabilidade direta nas organizações daqueles que a irão frequentar”, adianta Jorge Ribeirinho Machado, diretor académico do programa Gestão de Sociedades de Advogados, da AESE Business School, ao Jornal Económico.
O responsável da AESE explica que “a prática da advocacia em sociedade de advogados exige não apenas conhecimento jurídico, mas também habilidades de gestão e liderança quando se trata de desempenhar funções de administração de clientes, de equipas e de recursos financeiros”. O programa, acrescenta, está totalmente vocacionado para que os advogados e os profissionais com responsabilidades de gestão das sociedades de advogados “possam desempenhar as suas funções, otimizando resultados e garantindo o sucesso da sua organização”.
A eficiência operacional e otimização dos processos internos, a tomada de decisões estratégicas alinhadas com os objetivos da sociedade e a gestão eficaz das equipas e dos clientes são os temas a abordar ao longo das quatro semanas do programa, que decorre num formato flexível de forma a permitir aos participantes acomodem as aulas com os compromissos profissionais. As inscrições estão a decorrer.
O JE foi ouvir alguns dos protagonistas desta parceria Universidade-Empresa, que envolve firmas de advogados de primeira linha e a escola de negócios AESE.
Diretor Académico do Programa Gestão de Sociedades de Advogados, da AESE Business School
Apesar de ser uma novidade em Portugal, existem outros países com este tipo de oferta? Em que se basearam para criar o programa?
Há vários programas noutros países que se centram nesta temática. A nossa ideia foi que, também em Portugal, pudéssemos oferecer uma formação que fosse ao encontro da necessidade, sentida pelo nosso mercado jurídico, de aprofundar os conhecimentos na área da gestão das sociedades de advogados. Estamos a assistir aos primeiros passos na profissionalização dos escritórios e na AESE consideramos relevante a criação de um programa totalmente vocacionado para essa temática, a fim de melhor preparar os nossos atuais e futuros líderes de escritórios. A primeira edição do programa Gestão das Sociedades de Advogados da AESE irá acontecer já a partir de janeiro de 2024 e prolonga-se durante quatro semanas, decorrendo num formato flexível, a fim de que seja possível aos participantes acomodarem os seus compromissos profissionais.
Como chegaram a uma panóplia tão vasta dos principais escritórios?
Houve, da parte de todos os advogados que convidámos a participar no Programa Gestão das Sociedades de Advogados para participarem como oradores, uma enorme recetividade para o projeto. Eles aderiram quase de imediato ao Programa e à ideia por detrás do programa: ser algo que vem, verdadeiramente, ao encontro de uma necessidade real. Todos eles já frequentaram formações em gestão, designadamente na escola de Harvard, e esse fator foi algo relevante, pois conhecem muito bem a sua utilidade e relevância no que respeita a capacidade para bem pensar e construir estratégias apropriadas para o sucesso das suas organizações. E eles são o nosso melhor exemplo, pois todos investiram na formação em gestão e, admitimos nós, esse investimento significou terem uma maior capacidade para transformarem os seus escritórios naquilo que são hoje, ou seja, organizações de enorme reconhecimento e prestígio.
Advogado, Managing Partner da CCA Law Firm, da qual é sócio desde 2007
De que forma as sociedades de advogados podem beneficiar tendo profissionais com esta formação?
Qualquer profissional que trabalhe numa sociedade de advogados, caso queira marcar a diferença, independentemente da área específica onde atue, deve ter conhecimentos sólidos de gestão. Hoje, mais do que nunca, o advogado deve saber fazer a síntese entre o direito e a gestão, e de preferência de uma forma prática, com um discurso simples e facilmente compreensível.
Falta conhecimento na gestão de sociedades de advogados ou até abertura para serem integradas tendências e boas práticas utilizadas fora de Portugal?
Discordo que faltem conhecimentos na gestão em sociedades de advogados. Considero que nos últimos anos tem sido feito um esforço tremendo de atualização, adaptação e até, pasme-se, inovação nas sociedades de advogados. E são iniciativas como esta do programa de Gestão de Sociedade de Advogados que permitem capacitar novas gerações de advogados com conhecimentos práticos e novas tendências no mercado dos serviços jurídicos.
Como surgiu a parceria com a AESE Business School?
A AESE, e a coordenadora do programa, Madalena Aguiar, tiveram a amabilidade de achar que eu poderia contribuir, e enriquecer o programa na parte do impacto das novas tecnologias na profissão. Dado que é um tema que ocupa parte relevante da minha atividade profissional, aceitei o desafio com grande entusiasmo.
De que forma as sociedades de advogados podem beneficiar tendo profissionais com esta formação?
As sociedades de advogados são entidades prestadoras de serviços que contam com um cada vez maior número de colaboradores, advogados e não advogados, têm uma presença cada vez mais significativa na sociedade portuguesa e estão cada vez mais envolvidas em projetos sociais. Isto significa que o número de stakeholders destas entidades tem vindo a alargar-se, sendo, portanto, de uma importância fundamental que estas entidades sejam geridas de uma forma profissionalizada, pois só assim conseguirão cumprir cabalmente com os respectivos desígnios e contribuir positivamente para o desenvolvimento daqueles que com elas colaboram e das comunidades em que se inserem.
Falta conhecimento na gestão de sociedades de advogados ou até abertura para serem integradas tendências e boas práticas utilizadas fora de Portugal?
As sociedades de advogados têm vindo, de há uma série de anos a esta parte, a reconhecer a importância que tem para o seu desenvolvimento a adoção de boas práticas de gestão, nomeadamente em termos de governance, e vindo a adotar práticas de gestão já adotadas pelas suas congéneres que operam noutros mercados, pelo que eu não tenho dúvidas de que existe essa abertura para adotar as melhores práticas de gestão e replicar modelos adotados fora de Portugal.
Como surgiu a parceria com a AESE Business School?
A oportunidade de ser orador no Programa surgiu por via de um simpático e honroso convite que me foi dirigido pela Dra. Madalena Aguiar.
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