Os estivadores de quatro empresas do Porto de Lisboa estão em greve, durante as próximas três semanas, até ao dia 9 de março. Em entrevista à RTP, Diogo Marecos da Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa (AETPL), assume que os impactos desta greve dos estivadores “já se estão a sentir”, uma vez que nenhum dos navios presentes no Porto de Lisboa está a ser trabalhado pelas empresas em causa.
“Estamos à espera de uma perda ainda mais acentuada do tráfego marítimo no Porto de Lisboa e o cancelamento de escalas por parte dos armadores, que são de empresas internacionais”, disse o responsável ao canal de televisão público. De acordo com Diogo Marecos, esta é uma uma greve “a juntar aos 123 pré-avisos de greve no período de dez anos”, cuja média é superior a uma greve por mês.
A razão para tais greves prende-se por “a empresa estar a atravessar um problema de liquidez financeira, não tem receitas suficientes, e não está a conseguir cumprir os seus compromissos com os trabalhadores”, apontou o responsável da AETPL. “Esta é uma empresa que vende e cede mão de obra, que é um dos poucos serviços que ainda mantém. Isto é consequência da perda da atividade e de tantos conflitos laborais com o sindicato de Lisboa”, sublinhou.
Diogo Marecos aponta que o problema já tinha sido reportada em novembro de 2018, e que em janeiro do ano passado “a AETPL entregou todos os elementos financeiros e contabilísticos que comprovam a situação débil da empresa e esperámos um ano para ter uma proposta em cima da mesa, e a resposta que nos deram foi para aumentar o tarifário”. O responsável sustentou que com a medida proposta pelo sindicato “o porto deixa de ser competitivo e não consegue concorrer com os outros portos, designadamente com Sines e Leixões e os portos espanhóis”.
“Aquilo que estas empresas apresentaram ao sindicato, para evitar um descalabro e uma situação que ninguém gostaria de ter em cima da mesa, foi um corte dos salários, que poderia ser de 15% e também o congelamento das progressões automáticas, que não dependem do mérito e encarecem o trabalho, e nós temos baixas na média de 34%”, disse Diogo Marecos.
Ainda assim, o representante da empresa sublinhou que os serviços mínimos decretados “permitem que as ilhas da Madeira e Açores continuem a ser abastecidas, permitindo que não faltem bens essenciais” aos seus habitantes.
Entre as empresas em greve, encontram-se a Liscont, Sotagus e Multiterminal e a TMB.
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