A Agência Internacional de Energia (IEA) mudou o seu ‘chip’ na forma de ver o mundo e está mais alinhada com a visão dos EUA. Há apenas um ano, a IEA esperava que o consumo de petróleo chegasse ao pico em 2030, e a partir daqui começava a recuar, mas este cenário agora caiu por terra.
A organização prevê que o consumo global de petróleo continue a crescer 13% nas próximas décadas até 113 mil barris diários e que atinja o pico em 2050.
Até recentemente, a visão da IEA contrastava com a da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) que não previa nenhum pico na sua previsão, até 2045, esperando que o consumo continuasse a aumentar fora dos países da OCDE e com o recuo de algumas políticas de descarbonização.
O crescimento no consumo deve-se aos produtos petroquímicos e ao jet-fuel, combustível para aviões, ao mesmo tempo, que prevê uma desacelerar nas vendas de carros elétricos.
O investimento global em centros de dados deverá atingir 580 mil milhões de dólares este ano, o que poderá superar o investimento previsto no fornecimento de petróleo: 540 mil milhões.
A análise da IEA conta com vários cenários e o cenário de políticas atuais – que prevê o crescimento do consumo (Current policies scenario (CPS)) – deixou de ser usado há cinco anos após a crise no mercado energético devido à pandemia da Covid-19.
Regressa agora, após pressões da Casa Branca que já tinha considerado “ridículas” as previsões da IEA de pico de petróleo. A agência é financiada pelos seus membros, com os EUA a serem o maior contribuinte.
Oficialmente, a agência justificou o regresso deste cenário com o fim da pandemia e da crise energética global. “A razão principal para os dois novos cenários são as incertezas no contexto político, económico e energético”, disse o presidente da IEA, Fatih Birol, precisamente para encaixar a maior aposta dos EUA no petróleo, gás e carvão.
Ao mesmo tempo, o cenário de pico de petróleo em 2030 continua a figurar no novo relatório no cenário de políticas anunciadas (Stated Policies Scenario (STEPS)), prevendo que o pico seja de 102 milhões de barris diários no final da década, antes de começar a recuar gradualmente, com as vendas de carros elétricos a serem muito mais fortes neste cenário.
Seja como for, em todos os cenários do ‘World Energy Outlook’, a IEA continua a prever que a temperatura global suba 1,5 graus centígrados até 2050, o limite antes de uma crise climática.
De qualquer maneira, a IEA considera que o mundo está a entrar na “era da eletricidade”, prevendo que a procura dispare quatro vezes até 2035, no cenário mais elétrico, à boleia dos centros de dados e da inteligência artificial.
“A eletricidade é o coração das economias modernas”, destacou, prevendo que as renováveis passem de um terço na produção atual de eletricidade para mais de metade em 2035.
O relatório destacou que as decisões finais de investimento em novos projetos de gás natural voltaram a subir este ano, com a oferta a subir em 50% até ao final da década.
No cenário CPS, o mercado global de gás continua a subir até 2050, à boleia do crescimento da procura devido aos centros de dados e de inteligência artificial.
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