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Agentes de navegação lamentam mais uma greve nos portos nacionais

Além de lamentar a greve em curso no terminal de contentores do porto de Sines, a Agepor está preocupada com “o arrastar de negociações em Setúbal” e considera quem em Lisboa “o tempo é de espera, mas não de espera por um futuro melhor”. E exige investimento nos portos portugueses.
  • Peter Nicholls/Reuters
14 Maio 2019, 19h54

A Agepor – Associação dos Agentes de Navegação de Portugal “lamenta mais uma greve no setor portuário, desta vez levada a cabo pelo Sindicato XXI em Sines.”

“Logo neste porto que, até agora, se tinha caracterizado, no essencial, por um clima de paz social e progresso, alicerçado na cooperação exemplar de todos os parceiros, condição essencial para garantir a competitividade exigida aos maiores portos mundiais com ambições no mercado de transbordo”, assinala, em comunicado, a direcção nacional da Agepor.

E a Agepor considera que este “é um mau sinal e um mau presságio”, advertindo que esta “é a melhor forma de ceder terreno a Valência, Algeciras e Tânger.

Recorde-se que, como noticiou o Jornal Económico, em primeira mão, na edição impressa do passado dia 10 de maio, está em curso no terminal de contentores do porto de Sines (Terminal XXI, gerido pela PSA, empresa de Singapura) uma greve às horas extraordinárias marcada, pelo menos, até 4 de outubro.

Segundo fonte oficial da PSA, até ao final da semana passada já haviam sido desviados nove navios do porto alentejano.

De lá para cá, as negociações ainda não tiveram qualquer desenvolvimento no sentido desmarcar a paralisação.

Fonte oficial da PSA admitiu ao Jornal Económico que esta instabilidade social na empresa poderá colocar em risco o investimento de 400 milhões de euros que a concessionária PSA está a negociar há vários anos com o estado português para proceder à expansão do Terminal XXI.

Além de lamentar a greve em curso no terminal de contentores do porto de Sines, a Agepor está preocupada com “o arrastar de negociações em Setúbal” e considera quem em Lisboa “o tempo é de espera, mas não de espera por um futuro melhor”. E exige investimento nos portos portugueses.

“A Agepor vê também com preocupação o arrastar das negociações em Setúbal e as perspetivas de um elevado aumento dos custos para os clientes deste porto, consequência direta dos aumentos salariais que, tanto quanto se sabe, estão a ser contemplados e solicitados”, explica um comunicado da associação dos agentes nacionais de navegação.

Sobre o porto da capital, o referido comunicado adianta que, “em Lisboa, o tempo é de espera … Mas não de espera por um futuro melhor, apenas de espera por mais uma repetição do passado”.

“O SEAL [Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística, liderado por António Mariano], depois de ter privado os seus filiados dos aumentos que tinham sido negociados, espera agora por ‘melhores dias’ … Mas não há ‘dias melhores’ sem perspetivas de paz social duradoura. Não há ‘dias melhores’ sem perspetivas de um sindicato que tenha uma visão de futuro, uma visão de desenvolvimento do porto e do seu movimento. Um sindicato que viva para a paz em vez de um sindicato que vive para a greve. Não há perspetiva de ‘dias melhores’ com o SEAL, ou pelo menos com este SEAL”, acusa a Agepor.

Por fim, a associação dos agentes de navegação de Portugal “vem lembrar a necessidade de investimento nos portos portugueses em consonância com a resolução 175/2017 relativa à “Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente – Horizonte 2026″ aprovada pelo atual Governo”.

A Agepor realça que “os portos que mais crescem em atividade em Portugal e no mundo inteiro são aqueles onde a paz social e a estabilidade têm sido o padrão que dá a confiança tão necessária para garantir e atrair os investidores nacionais e internacionais”.

“A incerteza e a turbulência fazem com que os potenciais investidores e respetivos investimentos sejam desviados para outros portos vizinhos e concorrentes dos portugueses”, denuncia o referido comunicado.

A Agepor defende ainda que, “face à onda e tipologia de greves que têm assolado o país”, “é tempo de rever a Lei da Greve conferindo-lhe proporcionalidade”.

“É preciso evitar que certos trabalhadores, abusando da sua ‘posição dominante’, utilizem os seus monopólios laborais para condicionar a vida de toda a população, e tornem de si refém o país, para dessa forma extorquirem condições e vantagens. São já muitos os exemplos nos mais diversos setores de atividade”, lamenta a Agepor.

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