A nova campanha da WWF, que em Portugal é promovida pela Associação Natureza Portugal (ANP) em associação com a WWF, e é subscrita pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), pela Liga Portuguesa pela Natureza (LPN), pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) e pela Associação Zero, intitula-se “Protege a Água” e pretende encorajar os cidadãos a participar na consulta pública, lançada pela UE e que decorre até 4 março de 2009, na defesa da Diretiva-Quadro Água.
A campanha da organização não-governamental (ONG), sediada na Suíça, é lançada em mais de 20 países europeus e recorre às redes sociais, com #ProtectWater e #ProtegeaAgua (tradução em português), para alargar o público alcançado. Recorre também à produção de cerveja, a bebida alcoólica bastante apreciada em toda a Europa, para afirmar que dos “muitos ingredientes que entram na produção de cerveja”, o mais importante é “a água de boa qualidade”.
“Agora imagina um mundo onde a tua cerveja favorita parece, cheira e sabe a água suja”, alerta a WWF.
“Este é o cenário que mais de cem ONGs europeias querem impedir, através da nova campanha que apela à Comissão Europeia para que defenda a atual Lei da Água (Diretiva-Quadro da Água) e, subsequentemente, proteja todas as fontes de água da Europa, como rios, ribeiros, lagos, zonas húmidas e águas subterrâneas”, lê-se no comunicado da WWF enviado à redação.
No vídeo da campanha “Protege a Água”, são os activistas da WWF tentam, através de cenários provocativos revelar o futuro da cerveja, procurando incentivar os cidadãos europeus a participar na consulta pública lançada pela Comisão Europeia sobre a Diretiva-Quadro da Água da UE (DQA).
A DQA está neste momento em processo de avaliação, permitindo que todos os cidadãos europeus dêem a sua opinião.
Os activistas da WWF defendem, através desta campanha, que a atual Lei da Água já é eficaz.
“Atualmente, 60% das águas portuguesas e da UE não são saudáveis, porque os Estados-membros permitiram que fossem degradadas através das barragens, da construção de outras infraestruturas destrutivas e da agricultura insustentável”, sublinha a WWF .
A campanha “Protege a Água” tem também o apoio da European Environmental Bureau, a European Anglers Alliance, a European Rivers Network e a Wetlands International que juntos formam a coligação Living Rivers Europe.
Esta campanha também recebeu o apoio de algumas produtoras de cerveja europeias, que manifestaram “a sua real preocupação com a futura qualidade da água na Europa”. É o caso da Csupor, Tektonik Brewery e Associação de Pequenas Cervejarias Independentes da Eslováquia, que reconhecem que “a sua capacidade de produzir cerveja de boa qualidade depende da proteção e gestão sustentável das fontes de água da Europa e, por conseguinte, apoiam a DQA na sua forma atual”.
“A atual lei da água é forte e tem metas realistas e equilibradas, económica e socialmente falando”
Os representantes das associações ambientais nacionais que impulsionam esta campanha da WWF, defende que a atual Lei da Água da União Europeia é suficientemente forte e eficaz, na salvaguarda de rios e lagos e, por isso, defendem que a DQA “é uma das legislações ambientais mais progressistas da UE”, mas que os “Estados-membros estão atualmente a falhar na sua implementação”.
Ângela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF afirma, em comunicado, que “a atual lei da água é forte e tem metas realistas e equilibradas, económica e socialmente falando. Se permitirmos que sejam feitas alterações, a lei será enfraquecida e será mais fácil que a pouca [e cada vez menos] água de que dispomos seja esbanjada, poluída ou contaminada por quem vê num rio apenas um fator de produção. A lei em causa é boa, se for bem implementada, cabendo a cada Estado-Membro fazer a devida aplicação”.
Também o presidente da Zero, Francisco Ferreira, comenta que “a DQA é um instrumento essencial. Em Portugal, a poluição industrial que tem afetado o rio Tejo e a proveniente de explorações agrícolas e pecuárias são exemplos prementes. Há ainda muito a fazer e um enfraquecimento da legislação europeia de proteção da qualidade da água apenas contribuirá para perpetuar estas situações e dificultar a atuação das autoridades ambientais”.
Os governo da União Europeia comprometerem-se a “garantir que não haja deterioração e a alcançar um bom estado para a grande maioria das massas de água até 2015, o mais tardar até 2027”, segundo os termos inscritos na DQA, em 23 outubro de 2000 (transposta em 29 de dezembro de 2005 para o quadro legal português).
Implementada há quase duas décadas, os ambientalistas pretendem agora defender a DQA, que está a ser sujeita a “uma revisão padrão na forma de uma verificação de aptidão”. As ONGs envolvidas nesta campanha, argumentam que a DQA “provou ser eficaz para alcançar seus objetivos de bom estado da água e não deterioração, equilibrando com sucesso os requisitos ambientais, sociais e económicos”.
“Estamos a trabalhar na salvaguarda da DQA da UE e no reforço da sua implementação e aplicação”, lembram os ativistas portugueses, em coligação com a Living Rivers Europe.
“A implementação desmedida pelos Estados-Membros da lei da água da UE é um crime em si, mas as tentativas desesperadas de enfraquecê-la são um passo demasiado grave”, afirma Andreas Baumüller, diretor de recursos naturais do gabinete europeu de política da WWF, no mesmo comunicado.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com